Na discussão sobre o post das “iniciativas de bibliotecários brasileiros que estão ajudando na divulgação da biblioteconomia e de suas atividades no bojo da Web 2.0” eu mencionei que não (re)conheço cursos de biblio no Brasil que estejam oferecendo disciplinas que ensinem os alunos a criar veículos de comunicação interprofissional, e melhor ainda, se esses cursos são capazes de explicar a importância de se fazer isso dentro do escopo da formação de um bibliotecário.
Supondo que os blogs e iniciativas de divulgação fazem completo sentido para a evolução profissional, o que eu questionava é se essa perspectiva está sendo ensinada ou compartilhada dentro dos cursos de biblio.
Alguma disciplina de biblioteconomia no Brasil ensina a construir e a importância de se ter um blog interprofissional, ensina a usar twitter e a sua importância para o corpo profissional bibliotecário? Ferramentas como wordpress, drupal, delicious, google reader, wiki, twitter, entre outros, é que são, quando bem aplicadas, no meu entender, “iniciativas que estão ajudando na divulgação da biblioteconomia e de suas atividades no bojo da Web 2.0″. [Três parágrafos redundantes, apenas para me certificar que as pessoas compreendam o que eu escrevi].
Certamente existem disciplinas que tratam do assunto. Mas elas precisam ser evidenciadas. Eu joguei a provocação no ar, e a Ana Patrícia do curso de CI da UFMG indicou o conteúdo programático de algumas das suas disciplinas. Ótimo, excelente. Marcelo Bax já é velho conhecido de todos nós e sempre esteve na vanguarda. Eu também citei Roosewelt, que ministra disciplinas de automação na UFMA focadas no uso de ferramentas e conceitos emergentes.
Mas quanto mais claro e divulgados esses conteúdos programáticos forem, melhor pra comunidade.
Também tive uma troca de mensagens com a Carol Fraga, que estava as voltas com a reforma curricular do curso de biblio na UnB. Nesse caso parece ser recorrente: muda a nomenclatura da disciplina para algo mais pomposo e “2.0”, mas o conteúdo e os professores continuam os mesmo. Então, efetivamente, pouca coisa muda além da fachada.
O trabalho de casa dessa vez então é que vocês indiquem quais são os cursos de biblioteconomia no Brasil que estão oferecendo disciplinas que estejam no “bojo da Web 2.0”, não somente em termos de iniciativas de divulgação interprofissional, mas em termos globais de uma frente 2.0, pautada nos propósitos clássicos da Web Squared do O’Reilly.
Lembram que eu citei as tendências em bibliotecas? Quais cursos e disciplinas estão de alguma forma encarando seriamente essas tendências, garantindo uma formação que contemple também todas essas coisas que fazem parte da vida (de uma grande parte hoje) das pessoas que lidam com livros, com bibliotecas, e como outros preferem, com informação?
Eu poderia citar pelo menos 10 coisas que considero altamente relevantes para a formação de um bibliotecário hoje, no “bojo da web 2.0” (e o meu entendimento de web 2.0 segue a definição do O’Reilly, então quando eu mencionar RFID ou design por exemplo, saibam o que eu quero dizer), mas que não tenho conhecimento, não tenho certeza de que estão sendo ensinadas nas escolas de biblio:
– classificação social (social tagging, flickr commons)
– recuperação por relevância (google, encore)
– dados abertos (liberação do controle bibliográfico, library thing)
– cloud computing (liberação dos catálogos, worldcat)
– RFID (automação de bibliotecas)
– direitos autorais associado aos processos de digitalização de acervos (google books)
– social media (presença online, facebook, orkut, twitter)
– convergência (web mobile, ubiquidade, padronização)
– design (OPAC, sites, biblioteca física)
– impressão/circulação sob demanda (armazenamento digital, espresso machine, kindle)
Se você é aluno de biblio ou bibliotecário e não sabe do que se trata metade das coisas nessa listinha acima, você já me respondeu.
Então me mostrem o contrário. Me mostrem quem está no tal bojo.
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