Como acompanhar a publicação de artigos científicos em sua área de pesquisa

A rotina diária de um pesquisador costuma incluir a verificação de emails e alertas da internet para acompanhar e escolher os artigos mais recentes publicados em seu campo de pesquisa. Esse fluxo de conteúdo foi por um tempo controlável, mas a medida que a publicação cresceu exponencialmente, deixar de monitorar estas ferramentas por um dia sequer faz com que todo o trabalho de acompanhamento das novidades científicas se torne um fardo. Cerca de seis mil artigos científicos são publicados a cada dia, e embora ninguém queira ser sobrecarregado com recomendações de leitura, deixar escapar os artigos importantes da área pode ser determinante para o avanço de uma pesquisa.

Então os pesquisadores se perguntam: o que fazer para não ser soterrado por uma avalanche de informações, e qual é a melhor maneira de se manter atualizado sobre as novidades da área?

Se aceitam minha sugestão, a dica número 1 é utilizar os alertas do Google Acadêmico. Uma vez logado com sua conta google, basta clicar sobre o ícone na barra superior para criar um alerta. Você designa uma palavra-chave ou conjunto de palavras, indica um email que receberá as notificações e pronto. Apenas tenha cuidado na formulação da palavra-chave: não seja muito genérico ou específico demais e procure reconhecer os termos e jargões utilizados pela área, mesmo que esteja lidando com um tópico relativamente novo. Decida também se você prefere buscar por palavras em inglês, a língua global da ciência, ou somente em português, caso restrinja sua revisão bibliográfica à artigos publicados em língua portuguesa. Em geral, o Google faz o rastreio por essas palavras-chave no título e resumo dos artigos, que são continuamente indexados em sua base. Os alertas podem ser criados ou desativados a qualquer momento.

[aqui a criação de um alerta para o tópico “vírus ebola”]

Outra função do google acadêmico é a possibilidade de acompanhar as publicações de um pesquisador, ou até mesmo todos os trabalhos secundários que citam esse autor em questão. Pra isso, você precisa pesquisador pelo nome do autor no campo de busca e verificar se ele já possui um perfil no google acadêmico.

[primeiro procure pelo autor. coloquei aqui um pesquisador aleatório, mark hunt. se encontrar o perfil no google scholar, basta clicar sobre seu nome]

A necessidade de existência de um perfil do Google Scholar, que é auto declarado pelo autor, é uma deficiência no GS. O Artur Avila, por exemplo, não possui um perfil, então eu não tenho como criar um alerta específico para os trabalhos em que ele entra como primeiro autor. Ruim também para autores que não tenham um volume de publicação de grande repercussão, mas que eventualmente publicaram trabalhos de grande relevância para a sua área.

[depois de entrar no perfil do autor, clique em “seguir” e escolha se prefere receber as publicações, as citações ou os dois]

A partir daí, toda vez que uma das opções escolhidas ocorrer, você recebe no email designado um link que leva ao local onde o artigo (ou citação) foi publicado.

Além do GS, vocês podem simplesmente criar alertas a partir de bases de dados multidisciplinares ou que focam em áreas específicas, como o PubMed, Compendex, Scopus, EBSCO, Sage, etc. Quase todas essas bases oferecem a possibilidade do usuário criar uma conta e estabelecer algum tipo de alerta, por email ou feed, busca por autor, assunto, citação ou acompanhar o lançamento das edições das revistas contidas na base. Nesse caso é importante que o usuário saiba de antemão a qual base se associar, para evitar pesquisar em um base de dados bibliográfica da área de saúde, quando sua pesquisa se trata exclusivamente de artes visuais, por exemplo.

Se a sua lista de periódicos a acompanhar for muito extensa, você pode utilizar agregadores de feeds de publicações, como o JournalTOCs ou Zetoc (disponível somente para instituições associadas). Alguns cientistas preferem verificar em comunidades online ou entre os usuários de serviços de gestão de referência, como o Faculty of 1000 Prime e Mendeley.

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Muitos pesquisadores simplesmente seguem colegas em redes sociais para descobrir o que vale a pena ler. Nessa linha de gestão pessoal da informação o Twitter é o herói. Além da varredura natural da sua timeline, percorrendo o que os pesquisadores que você segue publicam e compartilham, existe a possibilidade de usar o Twitter como um agregador de feeds. Para isso, você pode criar uma conta nova e direcionar feeds para lá, como é o modelo do Fly Papers, um twitter bot que rastreia e publica artigos sobre o inseto drosophyla. Existe um tutorial que explica como ativar essa função.

Embora o método mais fácil e simples seja criar sistemas de alerta de artigos com base em palavras-chave, essa operação representa apenas a superfície do que é tecnologicamente possível. Novos sistemas de recomendação de literatura científica prometem não só filtrar a enxurrada de artigos, mas também aprender com os interesses dos usuários para oferecer sugestões personalizadas. Veja algumas opções:

ReadCube
Mendeley
Gerenciadores de referência com mecanismos de recomendação.

PubChase
Recomenda artigos com base nas bibliotecas de usuários com interesses semelhantes.

Sparrho
Pede ao usuário para formar o seu sistema de recomendações, aprovando ou rejeitando sugestões.

Faculty of 1000 Prime
Envia alertas sobre artigos biomédicos, usando as classificações de 5000 cientistas seniores.

Twitter
Twitterbots automatizados podem rastrear palavras-chave (ver twitter.com/phy_papers para obter instruções), ou os usuários podem seguir colegas.

Nowomics
usuários “seguem” palavras-chave biológicas, tais como genes específicos, proteínas ou processos.

Scizzle
Automatiza o processo de fazer várias pesquisas no PubMed com palavras-chave e filtros, e permite que os usuários salvem os artigos relevantes.

O problema de sistemas baseados em algoritmos é que você depende da máquina aprender e adaptar corretamente as recomendações, o que requer tempo e em algumas situações pode gerar confusão, a ferramenta notificando artigos irrelevantes e perdendo os mais importantes. No final das contas, sistemas automatizados de aprendizagem e recomendação nunca vão encontrar todos os artigos que um cientista deseja, mas esse processo tende a melhorar. Técnicas para captar significado do conteúdo se tornarão mais sofisticadas e vão ter um papel importante na orientação das escolhas de leitura dos cientistas.

via How to tame the flood of literature


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Comentários

38 respostas para “Como acompanhar a publicação de artigos científicos em sua área de pesquisa”

  1. […] A rotina diária de um pesquisador costuma incluir a verificação de emails e alertas da internet para acompanhar e escolher os artigos mais recentes publicados em seu campo de pesquisa. Esse fluxo de conteúdo foi por um tempo controlável, mas a medida que a publicação cresceu exponencialmente, deixar de monitorar estas ferramentas por um dia sequer faz com que todo o trabalho de acompanhamento das novidades científicas se torne um fardo. Cerca de seis mil artigos científicos são publicados a cada dia, e embora ninguém queira ser sobrecarregado com recomendações de leitura, deixar escapar os artigos importantes da área pode ser determinante para o avanço de uma pesquisa.Então os pesquisadores se perguntam: o que fazer para não ser soterrado por uma avalanche de informações, e qual é a melhor maneira de se manter atualizado sobre as novidades da área?Se aceitam minha sugestão, a dica número 1 é utilizar os alertas do Google Acadêmico. Uma vez logado com sua conta google, basta clicar sobre o ícone na barra superior para criar um alerta. Você designa uma palavra-chave ou conjunto de palavras, indica um email que receberá as notificações e pronto. Apenas tenha cuidado na formulação da palavra-chave: não seja muito genérico ou específico demais e procure reconhecer os termos e jargões utilizados pela área, mesmo que esteja lidando com um tópico relativamente novo. Decida também se você prefere buscar por palavras em inglês, a língua global da ciência, ou somente em português, caso restrinja sua revisão bibliográfica à artigos publicados em língua portuguesa. Em geral, o Google faz o rastreio por essas palavras-chave no título e resumo dos artigos, que são continuamente indexados em sua base. Os alertas podem ser criados ou desativados a qualquer momento.  […]

  2. […] Fonte: Bibliotecários Sem Fronteiras […]

  3. Avatar de Mariclei
    Mariclei

    Excelente, obrigada!

  4. […] de informações, e qual é a melhor maneira de se manter atualizado sobre as novidades da área? Continua. Fonte: Bibliotecários sem […]

  5. Avatar de Camila
    Camila

    Excelente post! Tinha muita coisa que não conhecia e será bem útil!

    Obrigada por compartilhar.

  6. Avatar de Nilda
    Nilda

    Muito bom, super curti!!!

  7. Avatar de Madalena Gonçalves
    Madalena Gonçalves

    Optima partilha de suporte de informação especializada, que permite resolver vários situações de pedidos de informação nas bibliotecas.
    Muito obrigada e um bjs

  8. Avatar de Bruno Moraes

    Muito bom obrigado!

  9. Avatar de Michelle
    Michelle

    Obrigada por compartilharem conosco essa valiosa dica!

  10. Avatar de Thiago

    Ótimo post.

  11. Avatar de Carlos

    Gostei muito do post, parabéns.

  12. Avatar de Luzemir

    Gostei do post, continue assim.

  13. Avatar de ezequielsgp

    Muito obrigado pelas novas informações. Um abraço.

  14. Avatar de RENATA OLIVEIRA
    RENATA OLIVEIRA

    Não conheci este recurso, ele será muitíssimo útil para objetivar as pesquisas acadêmica no google academico. Obrigada pelo post.

  15. Avatar de Miriam Cristina

    Muito bom deu pra entender como tudo funciona no geral.

  16. Avatar de Daniela
    Daniela

    Com todo esse volume de novos dados diários na web, dicas como essas valem ouro.

  17. […] na orientação das escolhas de leitura dos cientistas. Fonte: Texto de Moreno Barros para o Blog Bibliotecários sem Fronteiras 16 de setembro de 2014 […]

  18. Avatar de Ckaudia
    Ckaudia

    Muito boa reportagem

  19. Avatar de A M Gasparin
    A M Gasparin

    Saber nunca e demais!

  20. Avatar de Henrique Nunes
    Henrique Nunes

    Boa ideia este endereço para nos professores. Assim ficamos atualizados em nossa área de profissional .

  21. Avatar de Henrique Nunes
    Henrique Nunes

    . Assim ficamos atualizados em nossa área de profissional .

  22. Avatar de Rudimar dos Santos
    Rudimar dos Santos

    Olá,
    Eu gostaria de reeber as publicações e alertas sobre Direito e Educação!

  23. Avatar de Fátima
    Fátima

    Olá, Parabéns pela dica e divulgação é muito bom está conectada com as novas ferramentas. Obrigada. Avise-me sobre novos medicamentos nas doenças neurodegenerativas ou na fibromialgia, mas pretendo ler e testar a dica.

  24. Avatar de Shaytner
    Shaytner

    O mecanismo mais adequado é a Bibliometria ou cientometria. Assim além de acompanhar podemos medir e analisar. Sempre falei isso!

  25. Avatar de ELIANE MOURA
    ELIANE MOURA

    MUITO BOS DICA. MAUS IMPORTANTE FOI A

    COLOCACAO PASSO A PASSO

    OBRIGADA

  26. Avatar de Fabio Moura

    realmente, esse tipo de artigo ajuda muito, cabe a cada pessoa colocar essas dicas em prática, obrigado mesmo!

  27. Avatar de Maria José Marques de Oliveira

    Amei este post, para que possamos atualizar em nossa área profissional.

  28. Avatar de Adilson Sequeira
    Adilson Sequeira

    Regime fiscal e jurídico do “Apuramento da Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) dos Contratos de Partilha e Produção (CPP ou PSA), na Indústria Petrolífera”, disponível e bem detalhado no livro de “Planeamento e Gestão Fiscal – Sistema Tributário”, 2 edição, 2016.

    Fórmulas para o cálculo da Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) dos Contratos de Partilha e Produção (CPP ou PSA), em qualquer Bloco de produção:
    a) A taxa interna de rentabilidade (TIR), relativamente à cada área de desenvolvimento, como sendo a partilha do petróleo-lucro do percentual para Concessionária Nacional (Sonangol) e para Grupo Empreiteiro (GE);
    b) Fórmula para o cálculo da Taxa de Rentabilidade do Grupo Empreiteiro relativa a área de desenvolvimento;
    c) Cálculo do Fluxo de caixa líquido composto acumulado (ACNCF) do trimestre, para o apuramento da TIR;
    d) Critérios de determinação da Taxa Interna de Rentabilidade;
    e) Esquema da partilha de produção;
    f) Hipóteses dos custos, para ajustamento ao petróleo-lucro.

  29. Avatar de Adilson Sequeira
    Adilson Sequeira

    Regime fiscal e doutrinário do “Princípio da Retenção na Fonte”, disponível e bem detalhado no livro de “Planeamento e Gestão Fiscal – Sistema Tributário”, 2 edição, 2016.

    No que refere ao princípio da fonte, há dois conceitos a ter em conta:

    i. Fonte (de produção) do rendimento;
    ii. Fonte de pagamento.

    i. Fonte (de produção) do rendimento (fonte em sentido económico):

    Trata-se da fonte de rendimento propriamente dita. É um conceito económico referente à produção do rendimento. O Estado da fonte é determinado pela utilização dos factores de produção e corresponde ao lugar da produção do rendimento, o qual, por seu turno, se identifica com o lugar onde se encontra o capital (em sentido amplo) e em que é exercida a actividade.

    ii. Fonte de pagamento (fonte em sentido financeiro):

    É o conceito financeiro relativo à realização do rendimento e não à sua produção. O Estado da fonte é aquele onde o rendimento é disponibilizado ou pago. Importa, igualmente, notar que “só aparentemente estes conceitos são espécies de um género comum”, dada a existência, na fonte do rendimento, de um nexo causal directo entre o rendimento e o facto que lhe dá origem, ao passo que, na fonte de pagamento, a expressão fonte está ligada a um nexo causal, mas no sentido de uma ideia de origem dos recursos que representam o rendimento pago.

    A substituição fiscal, que corresponde geralmente à adopção do processo financeiro designado por retenção na fonte, verifica-se sempre que a lei impõe o dever de imposto, não à pessoa em relação à qual se verificam os pressupostos de facto da tributação, mas a um terceiro, que vem, assim, ocupar, na relação, do início até à extinção, o lugar de sujeito passivo .

    A entidade obrigada à retenção na fonte é responsável pelas importâncias retidas e não entregues aos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado de qualquer responsabilidade no seu pagamento, mas, quando a retenção for efectuada meramente a título de pagamento por conta do imposto devido, cabe ao substituído a responsabilidade originária pelo imposto não retido e ao substituto a responsabilidade subsidiária, ficando este ainda sujeito às penalizações devidas. Nos restantes casos, o substituído é apenas subsidiariamente responsável pelo pagamento da diferença entre as importâncias que deveriam ter sido deduzidas e as que efectivamente o foram.

  30. Avatar de souza
    souza

    Excelente, gostei muito.

  31. Avatar de Lígia

    Boa tarde! Excelente texto. Posso coloca-lo em um post no meu blog? Como você gostaria que fosse referenciado? Abraços, Lígia

  32. Avatar de Carla Abye

    Muito obrigado pelas novas informações. Um abraço.

  33. Avatar de tratamento

    Adoreia e obrigado por compartilhar conosco

  34. Avatar de Matheus Rodrigues de Carvalho

    Excelente dica, muito obrigado.

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