Os bibliotecários em essência – Uma resposta

Sou um pouco suspeito para escrever uma resposta para o texto abaixo do Alex Lenine pois conheço ele pessoalmente e já discutimos bastante por causa de pontos de vista, principalmente por implicância minha…mas vamos lá:

Eu não gosto de discussões que são criadas a partir de provocações e essa é uma das minhas implicancias… Me desculpe, mas acho que isso poderia ser feito de outro modo, mas vamos prosseguir. A dúvida dele é a seguinte:

Mas… a dúvida que tenho é esta: face à natureza dos estudantes/profissionais, professores/pesquisadores, área/instituições, o que as iniciativas com foco em biblioteconomia têm a contribuir? Elas são necessárias? Elas valem a pena? Elas têm público? Elas terão retorno?

Históricamente, a biblioteconomia nasceu de uma necessidade, assim como a maioria das profissões e áreas de conhecimento. A nosso era a necessidade da sociedade em preservar o conhecimento criado por ela para uso futuro. Essa necessidade mudou muito devido a mudança da própria sociedade, mas a essência é a mesma. Volto depois ao assunto…

Eu particularmente sempre voltei a minha formação para a tecnologia, por gosto, e não concordo que ajudaria mais sendo um analista de sistemas. Porque?

Por que não lidamos com a informação para conhecimento da mesma maneira que lidamos com a informação para negócios. O conhecimento exige diversos outros atributos como: estimulação, capacitação, relacionamento, estimulação da criatividade, etc.. que não é possível somente em um pensamento racional e lógico, que normalmente caracteriza o profissional de tecnologia.

Na Biblioteconomia, conhecimentos que aprendi na faculdade como estudos de linguagem e comunicação (não somente textual, que fique claro) e metodologias em relação a ciência, estudos de usuários da informação e mesmo as de representação (temáticas e descritivas), além é claro das disciplinas de ação cultural, administração, projetos e museologia, pelo menos no nosso caso, permitem ao estudante de biblioteconomia ter uma visão holistica de todos os processos que envolvem o conhecimento e uso da informação e por isso nos permitem pensar em modelos teóricos que podem criar soluções para a sociedade a partir da identificação das suas necessidades e com isso atuamos ativamente da construção da sociedade e não somente na execução de atividades determinadas de modo passivo. É claro que não são todos os profissionais que desenvolvem essas habilidades, mas pelo menos a oportunidade para tanto eles tiveram.

Mas voltando ao papel na sociedade e considerando a sociedade atual, um das principais necessidades continua sendo a preservação, só que desta vez se altera a forma de como preservar. Devemos selecionar o que deve ser preservado e conservar o acesso a essas fontes. Além disso, em um contexto de abundância, essa seleção é crucial, e os critérios de seleção devem ser modificados… E mais importante do que preservar, é fazer com que esse acervo preservado se torne um instrumento da sociedade…

A meu ver, falta na Biblio impor velocidade nas mudanças (que são complexas), mas isso não me deixa com uma visão totalmente negativa do processo…

A relação custo / benefício da área para a sociedade é clara. Criar e manter bibliotecas é um custo muito alto para a sociedade, mas esse custo seria elevado a potencias exponenciais se não houvessem bibliotecas e informação compartilhada (entendendo custo aqui como custo financeiro e também custo de oportunidade, pois impedindo o acesso a informações, impede-se consequentemente a criação de novas informações). Na web, essa relação é mais clara, pois elas atingem um publico maior… por isso temos que invadir esse espaço e esse é o nosso desafio: entender que a sociedade mudou e temos que participar ativamente desta mudança!


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