Essa discussão está interessante e isso demonstra que vale a pena de abrir esse espaço para mais pessoas postarem suas idéias, então, se alguém quiser, mande um e-mail. Ah, aproveitando a deixa, peço desculpas pelo sistema de comentários que está maluco, mas continuem comentando!
E agora, a resposta ao Alex:
Ainda insisto que a nossa principal função é a preservação. Por quê? Porque a preservação é conseqüência do uso da informação, e para que ela seja usada, é necessário conseguir chegar até ela e ela estar em condições de uso. Essa visão contrasta um pouco com o fetiche pelo objeto original da informação, que ainda é o objetivo dos que trabalham com a preservação. Como exemplo, vou usar as principais exposições em São Paulo atualmente: O Museu da Língua Portuguesa e a exposição do Leonardo da Vinci. Ambas têm em comum o fato que o que está exposto não são as obras originais e sim cópias, porém isso não impede de o conhecimento que essas cópias trazem seja preservado, pois está sendo disseminado. Outro exemplo é um pedaço de código de um software, que está sendo compartilhado e serve para criar outras aplicações, ele também está sendo preservado e isso a meu ver é mais importante do que manter a integridade do original. A organização, disseminação e outros são ferramentas que tornam mais fáceis o uso dessa informação, por isso são importantes, mas não são a finalidade.
Mudando de assunto (para não parecer que foi sem intenção): Concordo quando diz que a Biblioteconomia não é uma ciência. Isso porém não quer dizer que ela não use ferramentas científicas (metodologias, etc.) e ainda, que possa dar contribuições a ciência.
Ah, lembrei de uma discussão interessante: Atualmente está sendo muito questionada a nomenclatura e a separação dos conhecimentos por áreas, já que essa é uma classificação arbitrária. Isso justifica a falta de conhecimentos exclusivos de biblioteconomia, assim como de física, jornalismo, economia, etc. Porém, concordo com você quando diz que há a necessidade da conscientização na Biblioteconomia da limitação da área, que de forma mais simples, seria explicada por uma afirmação: Não temos o monopólio sobre a palavra “informação”.
Outra questão que você colocou é sobre a escolha da área pelos egressos: Não concordo, por que isso ocorre também em todas as áreas. A diferença é que a Biblioteconomia é muito pequena e isso se torna muito aparente. Em relação ao comentado descaso com a área, eu acho que é conseqüência da falta de profissionais, que também traz como conseqüência o êxodo de pessoas eficientes para outras áreas de melhor perspectiva (por motivos financeiros ou status). Além do mais, somos uma área exclusivamente de prestação de serviços, por isso não podemos acreditar que estaremos no topo da pirâmide.
A afirmação acima já contrasta com a sua afirmação que a sociedade precisa de menos bibliotecários. Eu acredito que precisa de muito mais, mas concordo com o seu argumento de que a biblioteconomia ainda olha muito para o próprio umbigo e não se expõe a sociedade.
Uma das questões que mais gostei foi quando disse que nos preocupamos com as “necessidades universalizáveis mas universalmente desconhecidas” e a incompetência generalizada da sociedade em organizar a própria informação. Não sei se o termo incompetência se aplica, mas acredito em algo como incapacidade, uma vez que o processo informacional é muito mais complexo do que qualquer pessoa só consiga compreender. Por isso acredito que podemos dar a nossa contribuição, mas ela tem que estar menos voltada aos nossos interesses e mais voltadas ao interesse coletivo.