Quase 3 anos atrás eu publiquei um post chamado “O dia em que o Aldo Barreto comentou no meu blog“, me questionando por que demorou mais de 3 anos (naquela época o BSF já tinha essa idade) para um acadêmico notável fazer presença no blog que por todo esse tempo tinha sido o maior (único) blog sobre biblio/ci do Brasil, feito por e para estudantes e profissionais da biblioteconomia e da informação.
Passados todos esses anos, muito blogs apareceram, alguns escritos por notáveis e figurões da área, como podem ver na lista que eu venho compilando no delicious.
A última novidade é o blog do prof. Luís Milanesi, que é ídolo de todos nós, e que enviou uma mensagem interessante para as listas da área, divulgando seu novo empreendimento, o Em busca da biblioteca perdida, e reconhecendo que os blogs já são o penúltimo instrumento de diálogo na internet.
O que eu quero apontar mesmo, é o número de comentários recebidos em seu post de estréia. E que tem estreita relação com a questão que eu levantei 3 anos atrás no post “O dia em que o Aldo Barreto…” : para nós alunos, ou figuras desconhecidas dentro da área, ainda que um blog sirva como um excelente instrumento de divulgação, diálogo, postura crítica e difusão, nós ainda somos incapazes de romper certas barreiras acadêmicas, e mais especificamente, a autoridade acadêmica, que tem como alicerce não necessariamente a compreensão de autoridade como algo que não se atribui por herança, por dinheiro – nem por eleição, mas uma capacidade intelectualmente adquirida e reconhecida pelos pares.
Ou seja, um blog de alunos pode demorar 10 anos para ser “reconhecido” por seus “pares”, enquanto que um blog de professor precisa de apenas 1 post para ser “abraçado” por toda a comunidade.
E não me entendam mal, estou levantando apenas a bola de como a autoridade acadêmica, que não é legitimada por “carteirada”, ainda assim é muito mais imponente do que a dinâmica aberta de sistemas bottom up como a blogosfera, a twittersfera, e assim por diante.
É óbvio que acredito que quanto mais iniciativas abertas existirem, melhor. Blogs de professores, blogs de alunos, twitters, o que seja. Não é possível que dentro de um mundo gigantesco de conversação, de troca de informação e de colaboração, coisas boas não possam surgir. Então no final do emaranhado, é bem provável que todos se beneficiem.
Mas é bom parar pra pensar até quando a gente vai ficar vangloriando iniciativas que se sustentam apenas com base na autoridade acadêmica (e quero deixar bem claro, que esse não é caso do blog do Milanesi, ou de qualquer outro blog em específico, ou em qualquer área do conhecimento em específico, em qualquer país específico), e deixando de fora, centenas de outras iniciativas que não possuem qualquer legitimidade (e que talvez nem se preocupem com isso, como é o meu caso no BSF), somente porque elas não se enquadram nos cânones acadêmicos.
Esse pode ser um erro bastante difícil de reparar no futuro, e um desestímulo para que as pessoas engajem nas discussões que promovam a construção do conhecimento dentro da área.
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