A Biblioteconomia do Lattes

Desde que criei o RABCI, eu procuro acompanhar a produção de conteúdos da área, tanto de estudantes quanto de profissionais. Nossa área tem uma baixa produção de livros, mas uma numerosa produção de artigos e trabalhos acadêmicos. Durante o EREBD SE/CO de 2007 na USP ajudei o pessoal organização da submissão de trabalhos e com isso pude reparar no seguinte. Muitos produzem trabalhos e enviam para os eventos. Mas por que não disponibilizam esses trabalhos depois?

Numa visão muito pessoal, acho que fazemos uma biblioteconomia para o Lattes ver. São muito poucos que estão interessados em criar conhecimento para a área. É claro que temos que levar em consideração que isso atualmente ocorre em todas as áreas do conhecimento, mas acho que tinhamos quase uma obrigação moral e profissional de que nossa produção circulasse. É quase como “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”. E para mim o mais grave: A qualidade da produção científica da área está caindo muito e muito rápido. Se quiser constatar isso, pegue um exemplar da RBBD (entre os anos de 70 e 80) e compare por exemplo com a nossa revista mais importante, a Ciência da Informação. E olha que considero a Ciência da Informação uma ótima revista.

Mas tenho uma percepção inversa dos repositórios, como por exemplo o E-lis. Os trabalhos não tem valor acadêmico, mas costumam ser de qualidade muito superior a média. É uma percepção, é claro, mas vejo que os trabalhos no E-lis estão lá por uma vontade de serem úteis a todos e não só aos autores como os trabalhos de eventos.

No E-LIS, acho que o Brasil tá pouco representado: tem 282 trabalhos de 10465. Mas é o quinto país que mais baixa trabalhos. Só para comparar, a Espanha que é um país com muito menos escolas que o nosso, tem 2312 trabalhos.

Precisamos de uma Biblioteconomia mais compartilhada, onde todos tendem a ganhar mais.


13 respostas para “A Biblioteconomia do Lattes”

  1. E a minha birra é: parem de achar que Biblioteconomia é ciência, que merece artigos científicos e acadêmicos e vão se reunir para produzir algo de concreto.

    Quando alguém conseguir criar algum serviço diferente, então, escreva e divulgue a iniciativa.

    Porque, ninguém aguenta mais ler sobre paradigmas, possibilidades, e abordagens teóricas conceituais super inteligentes e bem referenciadas que não são aplicáveis na prática.

  2. Mais uma vez: o mal da biblioteconomia brasileira é a CI. É por isso que a RBBD é melhor que a CI, pois era uma revista de biblioteconomia e documentação.

  3. Concordo. Sem desmerecer os trabalhos acadêmicos, precisamos de mais reflexão sobre os aspectos práticos da profissão, que tragam inovação.

  4. Touché! A biblioteconomia brasileira sofre de complexo de vira-latas. Daí só publicar em revistas acadêmicas, querer mudar de nome, dizer que vai trabalhar em tudo menos em bibliotecas…

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