Uma reflexão sobre a palestra: O papel das bibliotecas na vida digital

Da palestra “O papel das bibliotecas na vida digital: perspectivas e desafios tendo como exemplo a Biblioteca Estadual da Baviera” que tivemos no Itaú Cultural apresentada pelo Dr. Klaus Ceynowa surgiram questões importantes que valem a pena ser tratadas:

A primeira e o foco da palestra foi a enfase de que tudo é digital, tudo vai ser mobile e se a biblioteca não for assim, irá desaparecer. E que “information literacy” é ultrapassado. Eu particularmente não concordo com esta visão apresentada por ele. É claro que a realidade alemã é muito distinta da realidade nacional, mas afirmar que o futuro somente digital para mim é um erro. Mas para contestar tudo isso me faltam argumentos claros.

A segunda é uma reflexão sobre o papel do Estado como mantenedor de serviços de informação, ou seja, a importância do investimento no conhecimento pelo Estado. A biblioteca da Baviera tem, se não me engano, 30 millhões de euros de orçamento anual ( e ainda conta com um substancial complemento por meio de acordos com empresas privadas ). E só para ter como dado, o Estado da Baviera tem um PIB de U$ 600 bilhões. O PIB de São Paulo é de aproximadamente U$ 400 bilhões e a tão falada Biblioteca São Paulo custou R$ 12 milhões, cerca de U$ 7 milhões ( contando ainda com uma parte do governo federal ) e deve ter um orçamento ridículamente menor que isso. E um agravante, é a única biblioteca estadual. O que ficou para mim é que estamos encantados com uma biblioteca que na verdade teria que estar fazendo muito mais do que está hoje. Não culpo os funcionários ou gestores da BSP, mas o Estado por não dar a devida importância para as bibliotecas. Devemos cobrar o Estado para fazer mais e investir mais para a educação da população, pois é seu dever.

Para saber como foi a palestra, o Alex da Silveira fez um resumo interessante.


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Comentários

3 respostas para “Uma reflexão sobre a palestra: O papel das bibliotecas na vida digital”

  1. Avatar de Gustavo

    Finalmente alguém fala de “information literacy”. Depois explica melhor os pontos críticos que ele apresentou.

  2. Avatar de Alex da Silveira

    Eu também não concordo que tudo será digital, mas acredito que o impresso terá um público muito restrito, como ocorre com os lps atualmente. Tempo para isto? não sei dizer… assim como é dificil saber se realmente em 5 anos tudo será “mobile” mesmo que nos países desenvolvidos. Quanto a opção “mobile” – para catálogos e leitura integral – acredito que falta um pouco de força de vontade as bibliotecas por observarem que o público para dispositivos móveis ainda é curto. Quanto as facilidades para o acesso ao documento e formas de realmente lermos um livro na nuvem acho que é algo que já deveria ter ocorrido e neste caso vejo lentidão

  3. […] ou em contraponto ao post original do Tiago, a minha percepção é de que a mentalidade da pessoas aqui no Brasil, de um modo geral, quando se […]

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