Esta semana é a semana da liberdade de leitura aqui no Canadá. O evento é uma iniciativa do Conselho de Livros e Periódicos para chamar atenção para a questão de livros que são censurados e às vezes até banidos de escolas e bibliotecas no país. Nos Estados Unidos, a Associação de Bibliotecas Americanas (ALA) promove o evento na terceira semana de setembro.
Em pleno século 21, quem diria que há quem conteste a liberdade de leitura?
Nós sabemos que grande parte da sociedade americana é super conservadora. E são esses que batem de frente com as escolas e bibliotecas e exigem que certos livros sejam removidos de suas coleções por serem ofensivos. De acordo com a ALA, na primeira década do século 21, o Escritório de Liberdade Intelectual recebeu mais de 5 mil notificações de censura. Os livros são questionados pelo seu conteúdo:
- sexualmente explícito
- linguagem ofensiva (palavrões)
- inapropriado para o público alvo
- violência
- homosexualidade
- religiosidade
- ocultismo
Muitos livros populares – e até clássicos – já entraram na lista negra da censura americana. Nem livro pra criança escapa:
50 Tons de Cinza, de E. L. James
Motivos: linguagem ofensiva, sexualmente explícito
O Caçador de Pipas, de Khaled Housseini
Motivos: homosexualidade, linguagem ofensiva, religiosidade
Procurando Alaska, de John Green
Motivos: linguagem ofensiva, sexualmente explícito, inapropriado para o público alvo
Jogos Vorazes, de Suzanne Collins
Motivos: anti-ético, linguagem ofensiva, falta de sensibilidade, ocultismo, violência
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
Motivos: falta de sensibilidade, nudez, racismo, religiosidade, sexualmente explícito
O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Sallinger
Motivos: linguagem ofensiva, sexualmente explícito, inapropriado para o público alvo
Capitão Cueca, de Dav Pilkey
Motivos: linguagem ofensiva, sexualmente explícito
Harry Potter, de J. K. Rowling
Motivos: ocultismo/satanismo
No Brasil, os casos de censura ocorreram na época da ditadura. Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca; Zero, de Ignácio de Loyola Brandão; Dez Histórias Imorais, de Aguinaldo Silva, são algumas das obras vetadas pelo AI-5 entre 1970 e 1988.
Mais recentemente, em 2012, a obra de Monteiro Lobato foi vítima de censura. O Instituto de Advocacia Racial queria banir Caçadas de Pedrinho das escolas por conteúdo racista.
E o que nós, bibliotecários, temos a ver com isso?
Um dos valores da biblioteca é defender a liberdade de expressão, seja do autor, ou do leitor. É nosso dever promover o acesso livre à informação, seja ela de que natureza for. A troca respeitosa de opiniões distintas, às vezes até controversas, é o que nos ajuda a crescer como indivíduos. É o que promove tolerância e aceitação.
Imagem do topo: Lansing Library, no Flickr, sob licença Creative Commons.
3 respostas para “Livros censurados”
Defendi meu TCC abordando a censura nas bibliotecas e li muita coisa sobre essa censura nas bibliotecas nos EUA. No entanto, aqui mesmo a gente se depara direto com a censura disfarçada para não ficar tão na cara. Lamentável!
Pois então, por aqui a coisa existe dessa forma velada. Não são incomuns as histórias de bibliotecárias nas escolas que escondem o atlas do corpo humano por mostrar órgãos genitais…
Ele está lá, até no catálogo (quando esse é acessível ao usuário) mas não pode ser encontrado…
“Livros Censurados”, e que pensei que já tivesse visto de tudo.