Desde estudante eu coleciono histórias e causos em que a ética ou a falta dela foram determinantes na situação profissional. Desde esconder um livro para que outros não tenham acesso a casos de demissão por denúncia e difamação. Temos o código de ética do bibliotecário, basta denunciar ao conselho e está resolvido? Sabemos, não é assim. E ainda se assim fosse seria um remédio para o que já deu errado e não uma garantia que isso não ocorresse de novo e de novo e de novo. Não podemos contar muito com o código de ética. A ética está em cada um de nós, nas inúmeras pequenas decisões que tomamos ao longo da nossa vida e que acabam repercutindo ao longo do tempo e em varias pessoas.
Recentemente uma bibliotecária morreu e o problema foi que “ela nao tinha crb”. Quando aparecem na novela personagens criando bibliotecas logo nas listas aparecem as broncas. Aliás, ser um bibliotecário é ter o Crb? As listas de bibliogatas foram criticadas por que algumas eleitas eram estudantes, nao tinham Crb.
Um bibliotecário foi condenado pelo Crb por uma charge enquanto uma não bibliotecária passou em concurso e assumiu cargo público de bibliotecária sem nunca ter feito o curso e o Crb não pode fazer nada.
Recentemente vi um blog de biblioteconomia com uma caçamba de livros de biblioteconomia digitalizados (vários da Briquet de Lemos) e compartilhados por bibliotecários. Quando será que os bibliotecários vão considerar isso falha ética? Uma vez uma bibliotecária me enviou um email dizendo que tinha xerocado metade do meu livro e perguntou-me se eu poderia enviar a outra metade para ela imprimir.
Existem bibliotecários que passam em 3, 4 concursos e não tem o cuidado de avisar os que não assumirão, eu mesmo confesso fiz isso, ou assumem passam 1 mês mudam de emprego, sem ter se dedicado como se deve aquele emprego. Também confesso já ter feito isso, passado só uma chuva em um emprego público podendo passar a oportunidade a outra pessoa mais comprometida.
Na época de estudante, conheci vários que tinham 2,3 estágios e só iam na faculdade para renovar a matricula por que estudar que é o que um estudante faz não faziam. Muitos desses sequer se formaram, mas tiraram a oportunidade de estudantes de Biblio de verdade terem uma formação prática melhor.
Existem bibliotecários que não apenas normalizam como também fazem tcc, dissertações e teses. Artigos também, ora pois. Conheço ainda os que dizem fazer mas na verdade copiam da Internet (ladrão que rouba ladrão?).
Os exemplos são vários e precisam acabar. Se somos éticos, precisamos ser mais éticos. Se não somos, precisamos começar a ser.
Ser ético, a meu ver, é refletir, ponderar, antes de agir e optar em fazer o certo por ser o certo. Como diz aquele principio, creio que bíblico, “tudo me é permitido mas nem tudo me convém”.
Ao fim das contas refletimos na profissão o nosso mau caráter diário em outras esferas de nossas vidas. Somos todos brasileiros. Temos agora a facilidade da comunicação para espalharmos nosso azedume a todos, e só pensar nas consequências depois. Todos se sentem com razão de destruir alguém ou alguma instituição. Se por algum motivo não gostamos de algo não mais tentamos resolver, vamos ao facebook.
Vivemos uma ilusão de ética também na nossa profissão. A ética passou a ser uma desculpa e não um esteio.
Quando vamos parar?
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