Por que leitores brasileiros preferem livrarias a bibliotecas?

Quando criança, eu não tinha o hábito de frequentar bibliotecas. Até porque elas não existiam no meu bairro, ou nas redondezas onde eu morava. Mas eu amava ler! Adorava bancas de jornal e livrarias, que eram os lugares onde eu encontrava livros e revistas e podia saciar minha sede de leitura. Depois descobri a biblioteca da escola e passava alguns recreios lá dentro, já que não podia levar os livros pra casa. Lembro de uma excursão da escola à Biblioteca Pública Municipal do Rio de Janeiro, que era muito longe da minha casa. Só me restava comprar os livros mesmo. Passeios a livrarias eram – e ainda são – os meus favoritos!

Foi só depois que me mudei para o Canadá que passei a frequentar bibliotecas públicas e me apaixonei. Tantos livros, tantos recursos disponíveis gratuitamente para o público! Sou frequentadora assídua e sempre trago pra casa mais livros do que posso ler dentro do prazo de entrega.

Como expatriada, comecei a questionar sobre os hábitos de leitura dos brasileiros, em especial sobre o uso de bibliotecas públicas. Depois de muita pesquisa, vi que há sim várias bibliotecas públicas em todo o Brasil. Sim, são escassas, e talvez o acervo não seja o dos mais atraentes ou relevantes, mas o recurso está lá. A pergunta então era: será que o povo usa?

No ano passado, em março, fui ao Rio de Janeiro visitar a família e fiz questão de conhecer uma biblioteca pública. Era quinta-feira. Fui no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade, onde tem uma biblioteca no quinto andar. Fiquei maravilhada com o espaço! Tudo tão novo, tão arrumado! Tão diferente da minha biblioteca universitária na Escola de Comunicação da Praia Vermelha.

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Tive que deixar bolsas na entrada, mostrar identidade e tudo. Sinceramente? Achei que isso já era a primeira barreira para o uso da biblioteca. Entendo a questão da segurança, mas devia haver outra forma de evitar roubo sem ter que obrigar os usuários a deixar seus pertences na porta. (Não preciso nem dizer que isso não existe aqui no Canadá, né? Com exceção de bibliotecas de coleções especiais e materiais raros, claro).

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Fiquei encantada com a biblioteca infantil! Adorei a parede com lombadas de livros, coisa mais linda! Entrei no espaço infantil e encontrei apenas uma mãe com um menino de uns 7 anos talvez. O menino pedia pra mãe ler pra ele. A mãe estava ocupada no seu celular, sem dar atenção ao menino, ignorando o seu pedido. Aquilo me cortou o coração! Uma criança estava ali, sedenta pela leitura, e justamente a pessoa que deveria mais incentivá-lo estava desperdiçando esta oportunidade. Então foi na biblioteca pra quê, alguém pode me explicar?

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Saí de lá e fui ver as outras estantes, com material de pesquisa. Adorei ver o catálogo de fichas, coisa que não vejo mais por aqui, que só consultamos o acervo digitalmente. Vi algumas pessoas estudando em salas de leitura, mas a biblioteca estava bem vazia. Não contei mais de 20 pessoas por lá.

Bem, numa quinta-feira, de manhã, no centro da cidade, como é que eu poderia esperar uma biblioteca cheia, não é mesmo?

Depois do almoço, no mesmo dia, na mesma quinta-feira, eu passei pela porta da Livraria Cultura, na rua Senador Dantas, também no centro da cidade.

A livraria estava LOTADA!

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Na parte infantil tinham algumas famílias com crianças de várias idades, passando pelas estantes e escolhendo livros. Outras sentavam no chão com seus filhos no colo e folheavam livros juntos. Em todos os andares, muita gente. Os caixas, com fila.

E a pergunta: se tem um lugar onde as pessoas podem ter acesso a livros sem pagar um tostão, por que é que preferem gastar dinheiro com os livros em vez de pegar emprestado nas bibliotecas públicas?

Posso imaginar algumas respostas:

1) O acervo das bibliotecas públicas não é adequado e não atende à necessidade do público
Eu sinceramente não tenho ideia de como é feito o gerenciamento do acervo de bibliotecas públicas no Brasil. Elas compram materiais publicados recentemente? Você pode encontrar os best sellers por exemplo? Pelo que vi na biblioteca do CCBB, pelo menos na parte infantil, o acervo não era muito grande. Vi alguns títulos novos, mas a maioria não era. O estado físico das obras também era ruim, com aspecto velho, folhas amareladas, lombadas machucadas. O leitor tem prazer em ler um livro em bom estado. Se o leitor quer ler Nicholas Sparks e não encontra na biblioteca, claro que tem que comprar na livraria (não procurei por este autor naquela biblioteca, então é só um exemplo mesmo).

2) O público não tem conhecimento das bibliotecas públicas
Voltemos ao início do texto, lá quando eu era criança e não tinha a mínima ideia de que poderia existir um espaço de livre acesso aos livros. Biblioteca pra mim era algo que existia na escola e em lugares bem longe da minha casa. Biblioteca pra mim era um lugar onde não se podia falar alto. Biblioteca pra mim era um lugar onde encontrávamos livros velhos, muito antigos, empoeirados e com cheiro de mofo. A minha geração, que teve a mesma experiência que eu tive, provavelmente não vai pensar na biblioteca como opção cultural para levar seus filhos. Esses vão associar livros à livrarias imediatamente.

3) O acesso a bibliotecas é dificultoso
Essa e a última questão estão ligadas. É a questão da escassez. Provavelmente há mais livrarias do que bibliotecas públicas em cidades grandes do Brasil.

Acredito que o acervo deficiente seja uma das principais razões pelas quais o brasileiro prefere comprar o livro do que pegar emprestado. Porque talvez o livro que ele queira ler não esteja na biblioteca. Ou se está, o acesso não é facilitado ou o livro não está em condições boas de uso. Posso estar totalmente enganada, afinal estou longe e não tenho como avaliar essa questão de perto.

Sei que minha amostragem é muito pequena. Eu só visitei uma biblioteca pública. Mas no meu círculo de amizades vejo que essa hipótese não é tão absurda assim. Pouquíssimas pessoas que eu conheço no Brasil, em várias cidades até, têm o hábito de frequentar bibliotecas. Muito mais gente compra livros em livrarias, das pessoas com que me relaciono.

Mas vocês aí, me digam, por que o povo prefere livrarias a bibliotecas? E como podemos inverter essa situação no nosso papel de bibliotecários?


48 respostas para “Por que leitores brasileiros preferem livrarias a bibliotecas?”

  1. Tenho 27 anos e sempre visitei as bibliotecas públicas, aliás é rotina até hoje. Na adolescência intercalava com a da escola, que tinha mais exemplares novos. Mas como meu interesse não era os best-sellers a pública era a que mais gostava.

    • Que bom que sua experiência foi diferente da minha, Barbara. Provavelmente você tinha uma biblioteca pública perto da sua casa? Não era o meu caso, e não deve ser no caso de muitos brasileiros ainda. Do seu círculo de amizades, da sua família, eles frequentam bibliotecas também?

      • Minha experiência é igual a do Raimundo, vivia na biblioteca pública assim que a descobri próxima a minha escola, e lia de tudo. Hoje sou bibliotecária. É diferente gerenciar e se responsabilizar por um ambiente em que os livros são tombados como patrimônio e tem uma quantidade mínima pra atender a ementa do curso, ou seja, estes livros são disputadíssimos, muitos usuários deste acervo fazem qualquer negócio nas proximidades das provas.. Já na livraria os livros tem rotatividade, são novinhos e o marketing em vários aspectos deve favorecer o meu desejo de consumo, tanto ou mais que gosto pela leitura. Este é meu ponto de vista!

        • Concordo com vc e ainda tem mais agravantes as esferas públicas não dão tanto valor as bibliotecas, temos profissionais que não contribuem para dinamização do espaço, temos ainda as dificuldade com compras de títulos que passam sempre por várias análises, em fim algumas dificuldades que só retardam toda essa cultura de ler nas bibliotecas.

  2. Não tão perto.
    Sei que a realidade de muitos brasileiros é outra.
    A falta de livros novos é o que afasta muitos da biblioteca. O acervo deficiente como você disse, uma pena.
    Elas são muitos negligenciadas pela prefeitura/governo.
    Sim, sim frequentam tb, e sebos.
    Mas gostei de saber da sua experiência no post.

  3. Ana Paula,
    Adorei o post, esse assunto deveria ser mais discutido entre o pessoal da nossa área.
    Realmente ter acesso a biblioteca pública afasta muitas pessoas, eu mesmo na infância e adolescência, não gostava da biblioteca municipal da minha cidade, pois é uma biblioteca de acervo fechado, que você precisa saber exatamente o que precisa, assim não dá a oportunidade para o leitor escolher o livro que deseja e os livros na maioria eram velhos. E a biblioteca da escola também só podia ler no local, era proibido levar o material para casa.

    • Eu nunca tinha me atentado pro absurdo que são essas bibliotecas escolares que não permitem que os alunos retirem os livros até ver como funcionam as bibliotecas escolares aqui onde eu moro, Silvana.

      Eu voluntario na biblioteca da escola das minhas filhas. Todas as turmas têm visitas regulares semanais à biblioteca. Cada criança pode retirar 2 livros. Aliás, elas são obrigadas a retirar livros. A bibliotecária/professora fica cobrando cada criança se ela já escolheu um livro pra levar pra casa. Pode até ser que a criança não leia o livro, mas cria o hábito, sabe? A minha filha de 5 anos traz pra casa livros acima da capacidade de leitura dela, mas ela folheia os livros, vê as figuras e a gente lê junto às vezes.

      Além de poderem retirar os livros, as crianças têm instrução tecnológica na biblioteca da escola. A bibliotecária/professora ensina eles a navegarem na internet, mostra sites interessantes, ajuda a fazer apresentações em PowerPoint e outros programas que você vê online, como slideshows, etc.

      • Na escola em que eu estudei no Ensino Fundamental maior era estadual e era permitido trazer os livros pra casa por até duas semanas, o acervo da biblioteca era muito diverso e li de As Crônicas de Nárnia à Shakespeare por lá, nas escolas que estudei no Ensino Médio (eu repeti o primeiro ano por causa de matemática, então, o fiz em escolas diferentes) tinham bibliotecas ótimas também, infelizmente nos últimos dois anos, a escola que frequentei não possuía biblioteca, então sempre tive acesso às bibliotecas da escola, mas fora isso, nunca fui as bibliotecas públicas aqui em Sergipe, até porque, apesar de morar relativamente próximo à Capital, as bibliotecas são distantes, e ironicamente, a maior biblioteca pública do estado fica próxima a um shopping, porém sempre preferi ir a livraria no shopping que ir na biblioteca, frequentava assiduamente a livraria da cidade, geralmente ia uma ou duas vezes no mês desde que fui alfabetizada, mas atualmente com a faculdade ando sem tempo e sem dinheiro para tal. Mas fiquei sabendo que abriram uma biblioteca no meu bairro, então, acho que estou salva.

      • Ana sou bibliotecário em uma escola particular e funciona assim tbm aqui, faco uma atividade fixa do minimaternal até os primeiros períodos que a contação de histórias e ainda tive a ideia de indexar vídeos do Youtube no sistema da biblioteca que complementam minhas histórias. Cada dia recebo 2 turmas a 3 turmas em horários distintos na biblioteca, mas nas escola públicas isso não existe e é o mais triste.

  4. Eu e minhas família amamos ler. Porém em nossa cidade existe pouquíssimas bibliotecas públicas. Nas quais o acervo é muito limitado e velho. Então somos frequentadoras assíduas das livrarias. No entanto tenho visto bibliotecas de escolas particulares com grande circulação porque seu acervo é atual e o ambiente agradável. Lamentável que seja tão restrito ao publico geral.

  5. Quando eu era criança frequentei muito a biblioteca municipal da minha cidade Americana-SP. Depois frequentei muito a biblioteca de onde estudava(SESI, que tinha bibliotecária e um acervo maravilhoso). Fui para outra escola que para usar a biblioteca tinha que pedir para alguém abrir (Objetivo) e foi ai que parei de ler.
    Meus pais sempre leram mas nunca foram de comprar livros.
    No segundo semestre da graduação em biblioteconomia, comecei a estagiar na biblioteca municipal, e tenho muito amor por aquela biblioteca!!! Apesar de muitos pesares e de ser contra uma infinidade de coisas. Eles tentam manter o acervo atual com bastante best seller (que é o que a população mais procura). Mas tem que deixar a bolsa, preencher uma ficha…
    O que eu acho pior é que a biblioteca fica no centro da cidade, é ruim para estacionar e não dá para renovar por tel, e-mail ou pelo site..como na biblioteca que sou responsável hoje (Senac).
    Acho que essas coisas dificultam muito, deixo de ir lá para emprestar livros por conta de transtorno com trânsito e lugar para estacionar e de saber que em 10 dias tenho que ir devolver ou renovar o livro.
    Outra coisa que me irrita é o fato de emprestarem apenas 2 livros por vez…o que não acho justo para um acervo de +- 60 mil exemplares…
    Enfim, hoje eu não compro livros em livrarias, quando compro é pela internet e também na estante virtual
    Uso muito a biblioteca municipal e também a rede de bibliotecas em que trabalho, o acervo da rede é maravilhoso!!!
    E tbm sou bibliotecária desapegada, se compro acabo doando logo após ler…
    Acho que as bibliotecas públicas tem muito que mudar, mas precisa mudar quem está lá no cargo de chefia, cargo de confiança.. enquanto isso não mudar as bibliotecas vão continuar exatamente como estão..
    Acho que escrevi demais..belo post!

    • Adorei seu relato, Paula! Que bom que a sua biblioteca municipal tem muitos livros atuais. É isso que o povo gosta mesmo, não é? Aqui também, sai muito livro de entretenimento, além de livros de pesquisa também, claro. Mas a maioria é livro de ficção, dos gêneros mais variados. Não só livros, como DVDs, CDs e até jogos de video game!

      Sobre as regras, na biblioteca de Vancouver, você pode pegar até 25 livros, 5 DVDs e 15 CDs se não me engano. O prazo de empréstimo é de 3 semanas, podendo renovar por mais 2 ou 3 vezes, não lembro. O catálogo está todo online e as contas dos usuários são vinculadas com o banco de dados da biblioteca. Ou seja, você pode fazer reserva, renovar os materiais, tudo online. Há também o empréstimo de e-books e audiobooks, tudo online.

  6. Sou brasileira et trabalho como bibliothécaire no Canada desde 2008. Posso dizer q en algumas regioes, nem tudo Sao flores no mundo de biblioteconomia no Canada.

    • Oi Cynthia! Que bom saber que tem outra brasileira bibliotecária pelas bandas daqui! Claro que nem tudo no Canadá é perfeito, e eu não disse isso, só que, comparando com a realidade do Brasil, não tem como negar que as bibliotecas aqui são bem mais preparadas para atender o público, não é mesmo? Claro que tem problemas, isso tem em todo lugar! Mas se cada brasileiro tivesse acesso à biblioteca mais fraquinha aqui do Canadá, já seria um grande avanço, não acha?

      • Oi Ana Paula, como vai tudo bem?
        Sim, existem outros bibliotecarios brasileiros q imigraram para o Canada. Mas nem todos trabalham na area, alguns pq nao conseguiram outros pq decidiram fazer uma reorganizacao de carreira. No meu caso foi diferente, apos 4meses q eu tinha imigrado para o Canada eu consegui um emprego como Bibliotecaria, responsavel de 26 bibliotecas.Porem, minha Alegria foir substituida pela realidade q eu nao esperava encontrar aqui. Dentre as bibliotecas q eu trabalho, algumas sao bibliotecas piores do q as do Brasil. So p vc ter uma ideia, existe biblioteca publica aqui no Canada q nao existe espaco physico nem mesmo para disponibilizar mesas et cadeiras p os usuarios! Nem quero falar sobre qualidade do acervo, pq é de chorar. Encontrei varios problemas nas bibliotecas onde eu trabalho. Nao pense q é em um lugar perdido no mapa. Sao cidades situadas à 30 ou 40 minutos de uma capital.Tenho fotos documentando tudo, É realmente incoerente constatar q essas bibliotecas estao situadas no Canada et nao na Africa! Como disse, algumas bibliotecas aqui estao longe mas anos luz de tao longe de serem melhores do q as do Brasil. Aqui o investimento na area de biblioteconomia varia assustadoramente de provincia para provincia. Talvez pq vc esteja en uma provincia mais rica, vc tenha a impressao q ate as bibliotecas mais fraquinhas no Canada sao melhores q as do Brasil, mas nao é bem assim. Nao podemos generalizar, pois vc ficaria tao surpresa quanto eu ao conhecer algumas bibliotecas publicas em outras provincias, longe de sua cidade. Na provincia onde eu trabalho o mundo de biblioteconomia, enfrenta problemas serissimos, alguns ate bem piores do q os vividos pelos profissionais brasileiros. Por isso q eu disse, nem tudo sao flores no mundo de biblioteconomia no Canada!

        • Eu imagino que haja diferenças entre províncias e cidades sim, Cynthia, você tem toda razão. Mas talvez se compararmos percentuais, talvez hajam mais bibliotecas bem equipadas aqui do que há no Brasil? Isso é só especulação minha, não tenho como comprovar isso. Obrigada por compartilhar a sua experiência. Eu não quis em nenhum momento generalizar. Sei que há bibliotecas maravilhosas no Brasil também. Só quis expor o que percebo da minha experiência, dos lugares onde passei e vivo.

  7. Gostei a bessa do texto. Tem bastante coisa que é correta na avaliação das bibliotecas públicas brasileiras, mesmo a Ana Paula se baseando em apenas uma visita.
    Infelizmente, a qualidade do acervo nosso é muito ruim. Temos até acervos relativamente grandes, mas não temos aquilo que chama novos leitores: livros novos e atualizados, os livros do momento, os revivals literários provocados por uma série de TV ou mesmo por um filme no cinema baseado em um clássico (caso recente do filme “Os miseráveis” que fez a obra virar best-seller).
    Aí a culpa é mista, primeiro é dos gestores burros que não liberam dinheiro para compras anuais (há um diretor de grande biblioteca em SP que disse que não vai comprar livros em 2014! Burro!), e por outro lado, nós bibliotecários não conseguimos convencê-los que o investimento valerá a pena, que trará mais cidadãos (ou clientes, vai lá!) para as bibliotecas.
    E também há a questão das regras, para tudo temos regras e dificuldades, tudo sobra de quinhentos anos de patrimonialismo português que herdamos.
    Por fim, ressuscito um texto e sua réplica da jornalista e escritora (amei o último livro dela) Vanessa Bárbara. Nele ela faz algo parecido que a Ana Paula fez por aqui, compara bibliotecas com livrarias. Deu maior polêmica e ela virou inimiguinha de muitos (eu a sigo no Facebook, ela é muito engraçada!).

    Texto 1
    http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/04/leitor-de-livraria/

    Texto 2
    http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/05/minha-bronca-com-as-bibliotecas/

    • Realmente é lamentável que os governos não dêem o apoio necessário para o desenvolvimento das bibliotecas públicas. Novamente, não quero generalizar, pode até ser que existam bibliotecas maravilhosas no Brasil, mas a minha experiência não foi satisfatória infelizmente.

      Adorei os textos da Vanessa Bárbara, obrigada por compartilhar os links.

      • “Pode ate ser que”, nao pode Ana , EXISTEM bibliotecas maravilhosas no Brasil!!! A sua experiencia se baseou em UMA visita apenas, por isso me incomodou o pode ser, mas sim, temos muitos problemas, nao nego, e é interessante o debate que seu texto levantou 😉

        • Pri, o “pode até ser que” é baseado somente na minha experiência mesmo, que eu sei que é bem pequena. Eu não conheço TODAS as bibliotecas do Brasil, não tenho como dizer quantas são boas e quantas não são. Que bom que há bibliotecas que atendem à necessidade dos brasileiros! Seria bom se fossem muitas e que toda população tivesse acesso, não é?

  8. Sabe o que percebi conversando com alguns usuários de bibliotecas e que são leitores de verdade, eles querem ter seus próprios livros, acham lindo ver as coleções nas estantes, e mesmo que já leu, releu, não emprestam e muito menos doam… quando doam são aqueles livros que eles são OBRIGADOS a comprar para apresentar trabalhos. Somos um país de cultura capitalista, preciso ter a qualquer custo, não é atoa que existem muitas pessoas endividada, aí isso se reflete para toda área da vida do ser humano… isso acontece com as bibliotecas, teatro, centro culturais,… é raro ver postagem de meus amigos, de artistas, de políticos, nas redes sociais curtindo uma biblioteca pública, por mais bem equipada e moderna que seja, indo ao teatro no centro cultural,… sei que existem problemas em ambos os lados mas, DIGO E REPITO O PROBLEMA MAIOR É CULTURAL.

    • Jaqueline, você levantou um ponto muito importante também. O povo brasileiro não está acostumado a visitar bibliotecas. É realmente cultural. Eu acho que também tem o pensamento de que tudo que é gratuito, é para classes mais baixas. Aqui, todos frequentam bibliotecas, dos desabrigados (sim, aqui também tem gente que mora nas ruas!) aos ricos. É um espaço comunitário para toda a população e todos frequentam sem preconceitos.

  9. Eu frequentei muito a biblioteca das escolas que estudei! Frequentei também, a pública que fica no centro da cidade onde moro. Ainda gosto de ir até lá para conferir alguns livros (para depois comprá-los). Gosto de livros meus, faço minha biblioteca aos poucos. Por enquanto, tenho quase 250 livros…Mas haverá mais!

  10. A Liv. Cultura fica lotada porque fica localizada em centros comerciais (praças de alimentação, bancos, lojas). As pessoas preferem shoppings pela comodidade de encontrar quase tudo do que precisam (e mais um pouco). Alguém conhece alguma biblioteca dentro de um shopping?

    • Essa que eu visitei era livraria de rua mesmo, Liziane. Mas você tem toda razão. Se tivesse uma biblioteca em shopping, talvez as pessoas visitariam, né?

  11. Olá! Moro na Florida e tive a mesma experiência que vc. Quando morava no Brasil, nunca ia a biblioteca. A biblioteca de onde morava em Osasco era bem no centro da cidade, mas era horrivel! Não tinha nenhum atrativo para as crianças e adolecentes, os funcionarios mal humorados, etc…. poucas pessoas iam la. Quando mudei para Florida, foi um choque! Passei a frequentar a biblioteca todos os dias. Tenho uma filhinha e ela adora o espaço infantil, que tem tudo ao alcance dela, brinquedos, atividades de leitura, musica. A biblioteca vive lotada! Tem dia que nem tem vaga no estacionamento! É um lugar onde a comunidade se reune. Como precisava treinar meu inglês era so ir na biblioteca que sempre tem um voluntario para conversar com vc! Ah e aqui tb tem o espaço teen onde se pode jogar video game. Escutar musica… enfim amo a biblioteca daqui!!

    • Aqui é igual, Lilyan. A biblioteca é um espaço de encontro da comunidade, independente de classe social, né? Quando eu descobri esse mundo aqui, me doía saber que o nosso povo não tem acesso a centros culturais como os que existem aqui na América do Norte. Claro que há alguns, mas, como eu disse, o acesso é difícil e são muito escassos, infelizmente.

      As biblioteca que eu conheço aqui também fazem programação para crianças e jovens, incluindo jogos, artesanato, clube de leitura e tantas outras coisas.

  12. Além dos fatores mencionados no texto, já tive como resposta para essa pergunta, o fato de que os livros da biblioteca não podem ser riscados, marcados, manuseados livremente. Para algumas pessoas esse fator pesa na hora de escolher entre ler um livro e devolvê-lo a biblioteca, ou comprar o livro e tê-lo para sempre. A filosofia da posse é o que impera atualmente. Infelizmente.

    • Eu também conheço gente assim, Natália, que tem certo preconceito até com livros de bibliotecas porque são velhos e sujos.

  13. Adorei seu texto, Ana Paula. Creio que as pessoas preferem comprar os livros do que ir à biblioteca porque fomos criados sem ter este hábito. Minha experiência com as bibliotecas quando era criança foi parecida com a sua! Ela era longe e era um verdadeiro evento ir lá copiar coisas para fazer a pesquisa que nunca ninguém nos ensinou a fazer! Xérox não existia!
    Então só íamos à biblioteca para fazer trabalhos de escola e não para ler ou pegar livros emprestados.
    Depois o tempo passa e crescemos e o tempo vai ficando curto para entrar e ficar lá e a livraria se torna mais fácil e acessível!
    Me lembro quando inaugurou a FNAC em São Paulo, fui lá com meus filhos ainda crianças e… meu Deus… podia pegar os livros na mão e ficar lendo, se quisesse! Isso nunca havia sido possível antes, em qualquer livraria.
    Nem o jornal, nem a revista… nada!
    Então creio que a falta de hábito é por crescermos num sistema capitalista em que comprar e ter é melhor do que ser e aprender!
    Vamos mudar isso… Entro junto nessa luta!
    Abraço.
    Solimar

  14. Eu como bibliotecária, fico triste com a situação da maioria das biblioteca públicas. Como você mesmo disse, o ambiente nem sempre é muito atrativo, os livros na sua maioria, não são novos (faltam investimentos do governo para aquisição de materiais novos), as bibliotecas precisam ser mais atualizadas, estamos na era digital, devíamos ter uma ambiente mais digitalizado, empréstimos de livros e ebooks, acesso a multimeios e outros materiais eletrônicos. A biblioteca deveria ser de livre acesso (se precisamos combater o roubo, porque não fazer igual as livrarias onde os livros são magnetizados), e se já existem sistemas de alarme contra furto, por que não ouço falar de roubos em livrarias? (Acredito que falta uma valorização das bibliotecas), outro detalhe é tantas regrinhas já ultrapassadas para as bibliotecas, por que tanto silêncio? por que não podemos entrar com lanches? as livrarias tem um espaço Café, e tem muito movimento e muita conversa. Acredito sim, que existem pessoas que não conseguem se concentrar com barulho, ai eu acredito que as bibliotecas deveriam ter dois ambientes um reservado e outro mais aberto para conversas. Enfim, Ana Paula, eu acho que deveria desenvolver um melhor Marketing para as bibliotecas (falo de Marketing não no sentido de propaganda mais no sentido de ver a necessidade dos usuários). E isto tem que ser feito rápido, por que senão as pessoas vão abandonar as bibliotecas públicas e a nova geração só vai querer saber de livrarias (não tenho nada contra livrarias, ao contrário, sou frequentadora assídua). Gostei muito do seu texto Ana Paula.

    • Exatamente, Diana! Aqui no Canadá as bibliotecas são espaços abertos, para uso livre do público. Ainda não se pode comer dentro das bibliotecas porque as migalhas podem danificar os livros (atrair pestes, etc), mas há espaços onde as pessoas podem falar alto, estudar em grupo, etc.

  15. Vamos ser objetivos. Quando pensamos em adquirir um livro, pensamos pesquisar em um motor de busca Google etc. O que encontramos? Não encontramos bibliotecas. A formação de cultura para o acesso as bibliotecas esta relacionada com a cultura de busca de informação na internet. Quando as bibliotecas fornecerem o acesso de seus registros aos motores de busca, uma cultura de acesso as bibliotecas acontecerá.

    • Eu trabalho e estou fazendo um Curso de Auxiliar de Biblioteca pelo Pronatec. Estou feliz porque é um curso bom tenho certeza que vou enriquecer os meus conhecimentos para facilitar a orientação para os nossos leitores, porque a Biblioteca onde eu trabalho é uma Biblioteca Escolar.

      Dulce Maria

      17/05/2014 Às 12:55

  16. Acho que a amostragem é pequena e a comparação com o Canadá é bastante injusta.

    O que percebi recentemente é que o interesse pela leitura aumentou no Rio e que o interesse normalmente são livros comerciais, ou seja, “best-seller”, livros feitos para vender. Esse tipo de livro é comumente encontrado em livrarias e não em bibliotecas, essas se preocupam com livros mais conceituais e mais importantes ou clássicos da literatura. Até porque, passado algum tempo, esse tipo de livro (“best-seller”) nunca mais é lido (exemplos: código Da Vinci, jogos vorazes, …) e se torna volume morto em uma biblioteca pública.

    • Ricardo, mas por que a biblioteca não deveria ter os best-sellers? Concordo que em muitos casos esses livros se tornam obsoletos em poucos anos. Mas sabem o que fazem aqui? As bibliotecas vendem esses livros que não circulam mais para os usuários por preços bem baixos, tipo até 2 dólares cada livro. É uma forma de descartar os volumes mortos e ainda restituir um pouco para reinvestir no acervo.

  17. Questão interessante… Responderei de forma inteiramente pessoal.
    Nunca fui uma assídua frequentadora de bibliotecas (e tenho vergonha disso, pra ser sincera) porque, quando pequena, a única biblioteca que tinha no bairro era longe, ficava muito escondida, tinha uma aparência extremamente sombria e nunca estava aberta no horário que eu saía da escola. Usava bastante a Sala de Leitura da escola de Ensino Fundamental, embora só pudéssemos ir lá uma vez por semana, e a biblioteca mal iluminada da escola de Ensino Médio, mas só. Mesmo as bibliotecas das faculdades de Letras e Biblioteconomia eu não utilizo com muita frequência, a não ser para pegar emprestado livros que me auxiliarão em pesquisas ou trabalhos acadêmicos.
    Desde que comecei a ter condições mínimas para comprar os livros que me interessavam, adquiri a preferência em ter o livro e poder lê-lo quando bem entender, sem me preocupar com prazos de devolução. Enfim, boa proposta de reflexão!

  18. Olá, Ana Paula! Tudo bem?
    Eu, Luiz Paulo, moro no Rio de Janeiro/RJ desde de criança e sempre teve uma biblioteca municipal no bairro aonde resido atualmente, um pouco longe das escolas de ensino básico a fundamental de onde eu estudava (elas mesmas -as minhas escolas- não tinha, na época de minha infância e adolescência, uma biblioteca escolar), e, sempre que eu podia ou precisava fazer uma pesquisa de trabalho escolar, eu procurava ir à esta biblioteca municipal, para consultar os livros, que tinha (e ainda tem) o acervo geral meio antigo e meio novo, com alguns exemplares de jornais e revistas, muitos voltados para o ensino médio e fundamental (eu já cheguei a consultar alguns destes livros, só por curiosidade ou necessidade). Eu já fiz também a doação de alguns exemplares meus de livros e revistas infanto-juvenis, ao longo do tempo, para esta biblioteca municipal, para que o público em geral de meu bairro possa ter acesso ao que eu já li. Certa vez, no meu ensino médio, cuja a minha escola tinha uma biblioteca com uma restrição para não pegar os livros emprestados, e na qual eu sempre procurava ler os livros que tinha (sempre que pudesse), para os trabalhos escolares, eu precisei ir mais afundo em uma pesquisa de um trabalho de química, e me convenci de que precisa consultar o maior acervo de livros e obras impressas do Brasil e da América Latina – a Fundação Biblioteca Nacional – para poder realizar este meu trabalho de química (eu fiquei maravilhado com o estilo antigo e ao mesmo moderno da instituição, e o grande esquema de segurança feito por eles, na época, em 1999, para que se possa consultar a obra impressa – as obras não podem ser emprestadas, apena consultadas). Fiz esta visita com a minha família. Alguns anos mais tarde, eu entrei para uma universidade pública estadual, para cursar no ensino superior (a geologia), na qual eu sou formado atualmente – na época de faculdade, eu sempre gostava mais de ficar na biblioteca universitária, para ler e estudar, do que no centro acadêmico, aonde era mais agitado – eu preferiria mais o silêncio para ler e pensar do que ficar na agitação do centro acadêmico (na qual eu só ficava para esperar entre uma aula e outra, ou para fazer os trabalhos acadêmicos mais curtos para ser entregues no dia seguinte). Eu já fiz alguns doações importantes de materiais de geologia e revistas científicas, entre novos e antigos, sempre que podia, para à biblioteca universitária da minha faculdade, na época que eu estudava para me formar. Algum tempo depois, já formado e ainda desempregado, morando com minha família, eu passei a visitar, sempre que possível, a Fundação Biblioteca Nacional, para consultar os livros de minha área de formação, visando os concursos públicos, dentre outras obras importantes de meu gosto pessoal, e, no fim, eu acabei doando, entre periódicos e livros antigos e semi-novos de geologia descartados pela própria biblioteca universitária de minha faculdade, por serem duplicatas antigas, além de alguns livros meus antigos, para o acervo geral e histórico da instituição (a FBN), já que havia uma grande falta de obras impressas antigas e semi-novas na área de geologia e geociências na mesma, desda década de 1960, para que o público em geral possa ter acesso. Depois de algum tempo, eu acabei conhecendo e gostando muito de uma outra biblioteca pública e moderna que tinha visitado em 2014, a Biblioteca Parque Estadual, que fica no Centro do Rio de Janeiro/RJ, e que é visitado, regularmente, por pessoas de todas as classes sociais. E já doei também alguns antigos livros meus para esta biblioteca pública fluminense, e algumas vezes, pego emprestado algum livro desta mesma biblioteca para ler e depois devolver, sempre que posso visitá-la.
    O meu gosto por leitura e pelo saber ao longo de minha vida me levou a estes lugares maravilhosos que são as bibliotecas públicas, algumas universitárias ou não, e que também são os celeiros do saber científico e cultural. Nas bibliotecas, podemos aprender muitas coisas que podem ajudar nas nossas vidas cotidianas e de modo geral. Vocês concordam? Aguardo o comentário de vocês.

  19. Acredito que seja pelo facilidade maior em se encontrar uma livraria, geralmente expostas em shoppings. Talvez que as bibliotecas migrassem para esses locais, mesmo biblioteca móveis, acredito que seria um incentivo. Infelizmente isso não está na cultura do brasileiro. Eu tive sorte de ter uma mãe que nos estimulou a pegar livros na biblioteca da escola desde que começamos a aprender a ler. Sou frequentadora assídua da biblioteca da faculdade que estudo, e infelizmente o que vejo hoje, é bem diferente do que eu via há 20 anos, pessoas dando risada, falando alto sem o menor respeito com quem está próximo. Ontem fiquei estressadíssima, precisando me preparar para provas finais e o povo fazendo baderna. As pessoas estão muito mal educadas em todos os níveis sociais, o conceito de liberdade e libertinagem está muito distorcido. O Brasil precisa passar por um choque cultural se não vai ser muito difícil se manter aqui.

  20. INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA SELEÇÃO DA PEDRA CALCÁRIA DE LIOZ NA A.M.L. (ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA)
    O presente estudo, resulta da adaptação de uma tese de mestrado, apresentada junto da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do Curso de Mestrado em Tecnologia da Arquitetura e Qualidade Ambiental, realizado entre 1993 a 1994. Visa essencialmente determinar os motivos históricos, compreendidos no período da alimentação da economia Portuguesa, pelo ouro derivado da colónia do Brasil, e viabilidade funcional no uso, que levaram à preferência na adopção da pedra calcária de lioz, para fazer face às características do ambiente na A.M.L. (Área Metropolitana de Lisboa), aponta similarmente precauções a ter na sua utilização e aplicação construtiva. Tendo como base a seleção de quatro localidades para amostras, expostas ao mar, interior urbano e rural, identificando as patologias e razões do seu desenvolvimento, fornecendo também indicações para as contrariar. Finalizando com o estabelecimento de um nível de ponderação de importância a dar, nas suas propriedades físicas e químicas, no sentido de proporcionar um método de seleção deste tipo de pedra, na substituição em edifícios existentes, tirando proveito desses parâmetros para servirem ao mesmo tempo, na seleção da pedra calcária de lioz, na construção de novos edifícios. Tal como curiosidades proporcionadas pela propriedades da pedra calcária e como a obter artificialmente.
    Edifícios analisados: Palácio Ratton em Lisboa, Torreão Oriental da Praça do Comércio em Lisboa, Igreja de Nossa Senhora da Consolação em Arrentela no Concelho do Seixal e Igreja da Nossa Senhora do Monte Sião em Amora no Concelho do Seixal.
    Venda em: https://www.amazon.com/Influ%C3%AAncia-ambiente-sele%C3%A7%C3%A3o-calc%C3%A1ria-Portuguese/dp/154707230X
    Características: Folhas a preto e branco, número de páginas 521; Dimensão: 15,24×3,05×22,86 cm

  21. Bom, já fui na biblioteca do meu bairro, mas achei o ambiente meio opressivo (é estranho, eu sei rs).
    Particularmente, comprar livros é um pequeno luxo. Gosto de guardá-los em casa, que eles façam volume no quarto. Assim ele fica mais com a minha cara. 🙂

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