Recebi ontem a notícia do lançamento da Rebecin, uma nova revista da área de informação, e não pude evitar de comparar o lançamento dessa revista acadêmica com o relançamento de uma revista da grande mídia, a New Yorker, que passou por reformulação no seu design e política de acesso aos artigos. A mudança do site da New Yorker destaca um consenso crescente na indústria editorial conforme revistas e jornais se ajustam a um público que se deslocou para a internet, e cada vez mais consome conteúdo por meio de redes sociais e dispositivos móveis.
Algumas poucas discussões acerca do design gráfico de periódicos estão sendo travadas, e giram em torno da evolução do formato tradicional do artigo acadêmico em relação a seus três elementos-chave: apresentação, conteúdo e contexto (ou o modelo leitura-descoberta-extensão). Uma questão pontual é a supressão do PDF em favor do HTML, onde de um lado estão os benefícios da visibilidade em larga escala na web e de outro a cultura enraizada dos pesquisadores de baixar e imprimir os artigos.
Me peguei avaliando apenas a questão estética da apresentação do material dos dois veículos de comunicação citados acima, desconsiderando o caráter acadêmico de um e comercial de outro. Afinal, por que as revistas acadêmico científicas são tão feias comparadas com revistas de banca de jornal?
Isso vale tanto para a versão impressa como digital. E não tem nada a ver com uma revista acadêmica específica, muito menos com o OJS/SEER. Tem a ver com apelo visual na leitura do documento digital (ou que venha a ser impresso). Poucas revistas fogem do tradicional “duas colunas verticiais, times new roman 12”, sem mencionar todo o aspecto de dispersão online dos artigos, que tem seu potencial atrapalhado pelas interfaces ruins onde estão abrigados. Pouco tem a ver também com a oferta de plataformas para publicação de conteúdo (no caso comum brasileiro, meu voto seria ter o SEER funcionando apenas para controle de submissão e revisão de pares, e o WordPress com seus milhares de temas grátis funcionando em paralelo para a publicação dos artigos propriamente).
Em termos comparativos, muitas revistas de grande circulação e periódicos científicos conseguem manter o aspecto sóbrio e formal de suas publicações, sem se prender ao modelo quadrado acadêmico. Muitos editores científicos argumentam que o que privilegiam é o conteúdo de suas edições, mas novamente me pergunto que tipo de esforço e investimento é necessário para explorar melhores formas de apresentar artigos de revistas online e com isso enriquecer seu conteúdo.
Novos visualizadores de artigos estão explorando outras maneiras de interagir com conteúdo de pesquisa na web, os melhores exemplos sendo eLife Lens e PubReader. Alguns anos atrás a Elsevier inaugurou o projeto que redesenhou a interface de apresentação de seus artigos, The Article of the future. O mesmo exemplo foi seguido pela JSTOR, que já oferece design responsivo, e demais bases de dados. A PubMed por exemplo já oferece seus artigos em formato epub.
As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental. Escolha a sua revista acadêmica preferida e compare com essas:
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