Ferramentas para avaliar as revistas acadêmicas

Você escreveu um artigo interessante e deseja publicá-lo, mas existem dezenas de revistas em sua área de pesquisa. Para qual revista deve submeter seu manuscrito?

Uma das minhas principais funções como bibliotecário não é ajudar as pessoas a encontrar material, mas ajudá-las a avaliar aquilo que encontram. Muitos usuários – que também são pesquisadores interessados em publicar seus artigos – não sabem dizer, olhando apenas para o título ou capa, se um periódico é confiável, se ele é uma publicação importante em sua área ou quais são as regras desta revista para o processo de submissão de artigos. As editoras e o próprio Portal Capes e WebQualis oferecem informações importantes, mas que nem sempre são traduzidas na língua comum dos usuários.

Existem ferramentas disponíveis que podem nos ajudar, pelo menos um pouco, a resolver algumas dessas dúvidas:

JournalGuide (acesso livre) – JournalGuide é um recurso relativamente novo que tem como objetivo fornecer informações sobre as revistas acadêmicas ditas legítimas. Enquanto existe uma lista de revistas predatórias, o JournalGuide usa uma abordagem de indexar somente periódicos de qualidade reconhecida. Mas indo além de uma simples lista de boas revistas, ele fornece um perfil de cada uma delas, com informações sobre o escopo, a rapidez com que a avalia e publica artigos, onde a revista é indexada, opções de acesso aberto, preço por artigos e outras coisas mais. O JournalGuide fornece links diretamente para as páginas de “Instruções aos Autores” (muitas vezes difíceis de encontrar) e fornece algumas métricas (SNIP, taxa de aceitação). Para autores que procuram novos locais de publicação ou que desejam descobrir se um convite para um conselho editorial é legítimo, o JournalGuide pode ser uma boa fonte de informações padronizadas e de qualidade. Pelo fato de ainda estar em fase beta, muitos perfis de revistas carecem de informações. No mínimo, porém, um perfil de revista informará ao usuário se a revista é “verificada”, uma classificação utiliza para indicar um periódico respeitável (ou seja, um não predador). O JournalGuide ainda é um experimento recente, mas estou animado sobre o seu potencial como um recurso de fácil utilização para os pesquisadores.

Ulrich (assinatura digital ou versão impressa, consulte sua biblioteca acadêmica local) – Ulrich é uma das principais fontes de informação periódica utilizadas pelos bibliotecários. Ele está disponível online ou impresso, oferece cobertura de assunto para periódicos listados (periódicos, revistas e jornais) e é uma fonte muito útil para a identificação dos nomes antigos das revistas. O Ulrich indica se um periódico é acadêmico e diz quais bancos de dados indexam a revista.

Claro, você pode não querer saber onde a revista é indexada ou quão rápido é o seu processo de avaliação. Você pode apenas estar interessado em buscar informações sobre as métricas do periódico. Embora o fator de impacto seja a métrica mais conhecida, há muitas outras maneiras de avaliar numerica e quantitativamente uma revista, como o Eigenfactor, SNIP ou índice-H. Há uma variedade de ferramentas gratuitas ou de assinatura que ajudam a descobrir algumas dessas métricas, embora você normalmente não consiga encontrar muitas métricas em um só lugar, devido à natureza proprietária da métrica ou os dados necessários para o cálculo.

Journal Citation Reports (somente mediante assinatura, verificar disponibilidade na sua biblioteca acadêmica local) – Journal Citation Reports é o lugar onde os fatores de impacto são contabilizados e publicados. A ferramenta proprietária da Thomson Reuters lista o fator de impacto dos periódicos incluidos na sua base de dados Web of Knowledge.

EigenFactor (grátis) – Usando dados de citações de periódicos da base Web of Knowledge, o EigenFactor é um cálculo algorítmico. Os usuários podem detalhar por categoria e subcategoria para encontrar títulos de periódicos em campos específicos.

Google Metrics (grátis) – Usando dados de citações do Google Scholar, o Google calcula um índice h para muitas revistas e as enumera em sua seção Google Scholar Metrics. Os usuários podem ver a lista dos principais periódicos em disciplinas e subcampos ou procurar um título específico.

É claro que nenhuma dessas ferramentas substitui uma avaliação crítica realizada por humanos. Para utilizar qualquer uma delas de forma eficaz, você precisa entender como elas compilam (ou calculam) sua informação, e como isso afeta o seu propósito com essa informação.

[via Bonnie Swoger]


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Comentários

7 respostas para “Ferramentas para avaliar as revistas acadêmicas”

  1. Avatar de Alexandre Pitanga Rosa
    Alexandre Pitanga Rosa

    Eu sou fã de postagens com características de tutoriais. Como essa sua, do tipo: é assim que pode ser feito. Saem do campo teórico, tendo a prática como foco. Para muitos iniciantes, categoria que me incluo, é um receituário fácil de assimilar. Parabéns.

  2. Avatar de Regina Horta
    Regina Horta

    Moreno, suas postagens são sempre ótimas. O engraçado é que assisti há um tempo atrás uma apresentação sua na USP e te achei “muito convencido”. Mas com o passar do tempo percebi que é um bibliotecário muito bom e que não tem medo de compartilhar o que sabe e o que acha de novo. Agradeço por compartilhar conosco.

  3. Avatar de Paula Carina de Araújo

    Post de utilidade pública, mesmo! Moreno, acrescentaria a essa lista o WebQualis, apesar dos critérios de classificação não serem totalmente transparentes, no Brasil é essencial para os pesquisadores. Abraço.

  4. Avatar de André Serradas
    André Serradas

    Parabenizo mais um ótimo post e também gostaria de acrescentar o Directory of Open Access Journals (http://doaj.org/) como uma referência internacional importante.

  5. Avatar de Fernando Nascimento
    Fernando Nascimento

    Muito boa, sua postagem. Ajuda-nos muito, porém, preocupa-me o trecho que afirma, “enquanto existe uma lista negra de revistas predatórias, o journalGuide usa uma abordagem de lista branca, indexando periódicos de qualidade reconhecida”. Essa passagem representa bem o preconceito social com os negros, muito comum na academia, reproduzido na linguagem. Porém, sei que você apenas reproduziu terminologias, portanto, não se sinta ofendido com meu comentário, isso que faço é apenas para nossa reflexão.

    1. Avatar de Moreno
      Moreno

      Fernando, bem analisado. Traduzi ipsis litteris mas realmente não faz sentido essa terminologia. Já excluí. abs

  6. Avatar de Sibele Fausto

    Ótima postagem! Mas eu colocaria também a lista de revistas predatórias de Jeffrey Beall como item e não como um simples link. Porque é uma questão que está ganhando importância no Brasil, com algumas dessas revistas sendo consideradas no Qualis Capes, onde *não* deveriam estar – significando que nossos pesquisadores estão publicando nelas (por desconhecimento, talvez?).

    Mais sobre essa questão: http://naofo.de/3hh9. E está tendo uma boa discussão sobre isso na GOAL (Global Open Access List): http://mailman.ecs.soton.ac.uk/pipermail/goal/2015-March/003122.html.

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