Os estudos bibliométricos são os mais frequentes entre as pesquisas no campo da comunicação científica na área da Biblioteconomia e Ciência da Informação e a análise de citação, por sua vez, a técnica mais recorrente dentro desses estudos, sendo a preferida pelos pesquisadores (URBIZAGÁSTEGUI, 1984; MOSTAFA, 2002; VANZ, 2003),
Os primeiros trabalhos sobre métricas e indicadores de citação datam as décadas de 1950 e 1960, e mesmo com muitas críticas quanto ao peso quantitativo em detrimento aos aspectos subjetivos da comunicação científica, tais indicadores moldaram a forma de se avaliar a ciência e o desenvolvimento científico, sendo adotados internacionalmente (Impact factor; Citation impact; H-index or Hirsch number; Science Citation Index ).
Mesmo considerando a atividade científica como atividade social e sabendo que da data de publicação de um artigo científico até o momento dele ser citado podem se passar anos, só agora, mais de 5 décadas depois, que surge e ganha um corpo de estudos e pesquisas o emergente campo o Article-Level Metrics (NEYLON & WU, 2009) que considera, por exemplo, outros indicadores de impacto que vão desde o uso (visualizações, downloads), leituras (itens adicionados a bibliotecas como Mendeley), discussões (avaliações e comentários), circulação na web social, ou de altmetria (blogs e mídias sociais como Facebook, Twitter e Wikipedia), além das citações.
Claro que a maioria desses indicadores só podia ser incorporada e objetivamente operacionalizada a partir da revolução na comunicação científica presenciada pela publicação eletrônica, ocorrida por volta da década de 1980. Ainda assim, parece ter havido um silêncio por parte dos pesquisadores que, por tanto tempo, consentiram com uma avaliação pontuada apenas nos estudos métricos tradicionais de citação.
Essas questões me fizeram escrever esse post e me perguntar: “Porque (será que) demoramos tanto para considerar outras métricas?”
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MOSTAFA, Solange Puntel. Citações Epistemológicas no Campo da Educomunicação. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 8, n. 24, p. 15-28, maio/ago. 2002.
NEYLON, C.; WU, S. Article-Level Metrics and the Evolution of Scientific Impact. PLoS Biol , v.7, n.11, 2009. Disponível em: < doi:10.1371/journal.pbio.1000242>. Acesso em 19, ago., 2010.
URBIZAGÁSTEGUI, Rubén. A Bibliometria no Brasil. Ci. Inf., Brasília, DF, v. 13, n. 2, p. 91-105, jul./dez. 1984
VANZ, Samile Andréa de Souza. A Bibliometria no Brasil: análise temática das publicações do periódico Ciência da Informação (1972-2002). In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., 2003, Belo Horizonte. Anais… Belo Horizonte: ANCIB, 2003. 1 CD-ROM
5 respostas para “Porque demoramos tanto para considerar outras métricas?”
O motivo da demora é a dificuldade de fazer as coisas de forma diferente do que já se fazia antes e por muito tempo.
Lembro que quando comecei a ministrar cursos de SEER em 2006 que um dos maiores temores dos editores era quanto aos direitos autorais e plágio, achavam que se a revista fosse eletrônica teriam sérios problemas quanto a isto. Hoje eu vejo uma grande dificuldade em as revistas se adaptarem ao novo meio (digital), se desprendendo do formato anterior (impresso).
Basicamente a maioria das revistas trabalha como se tivéssemos as mesmas limitações do papel, se tivesse que fechar um determinado número de artigos, diagramar tudo e mandar para gráfica antes de disponibilizá-los…
Hoje temos muito mais possibilidades, mas é difícil para as pessoas que trabalham há anos de uma forma e tipicamente com sobrecarga de trabalho irem atrás de novidades. 🙂
Pois é Diego, um bom ponto de vista, ainda mais de quem atua na área a algum tempo e se relaciona com editores. Também penso muito nessa resistência como um dos embates para novidades na área. Esses dilemas então apontados por você entre o digital e o impresso são bem recorrentes.
Acho que precisamos continuar “forçando” e mostrando o potencial que temos a ser explorado, e “convencendo” aos poucos de que vale muito a pena 😀
o jeito é manter o foco, e não dar brecha para a demora
ha meu site é http://editordevideo.com.br/
O mais surpreendente que realmente os brasileiros em geral não foram doutrinados ou ensinados a usar métricas em nenhuma momento da vida. E com certeza isso são alguns pontinhos contra em qualquer empreendimento ou negócio que tenha a necessidade de metrificar qualquer coisa.