Livros bonitos

Livros bonitos me atraem muito. Quando estou de bobeira na livraria sem nada específico em mente, o livro que tem mais chance de vir morar comigo é aquele que tem um projeto gráfico bacana ou uma capa diferente. E se a capa tiver texturas, então, as chances do livro aumentam de forma quase injusta. Claro que logo depois do encantamento visual vem o senso crítico e dou aquela espiadinha no texto. Não sou louca de comprar conteúdo vagabundo por mais que aprecie a beleza do objeto e, por falar nisso, estou querendo saber quando os e-books também vão ser visualmente atraentes.

Foi assim, a partir de critérios inicialmente sensoriais que comprei dois livros da editora Dark Sides, especializada em terror e fantasia e, noto agora, com péssimo gosto no quesito desenho de site.  Apenas ouçam esse trovão …  Mas os livros Onde cantam os pássaros, de Evie Wild, e O demonologista, de Andrew Pyper, são bem lindinhos.

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E a lombada do Demonologista é especialmente projetada para encantar bibliotecários. Eu testei.

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Onde cantam os pássaros é um bom livro, escrito por uma autora que conhece bem o serviço de contar uma boa história de mistério e terror, mantendo sempre vivo o interesse pela protagonista, a sofrida Jake, que cuida sozinha de uma fazenda de ovelhas no meio do nada. Alguém ou alguma coisa começa a matar os animais, e a explicação pode ou não se esconder no passado de Jake, que aos poucos vai sendo desvendado, numa narrativa que corre de trás para frente. Uma das qualidades especiais da obra é ser um livro escrito por mulher, contando uma história na qual o terror maior é a trajetória marcada por abusos da personagem feminina durona e corajosa. Outra graça do livro é a hesitação entre a explicação natural e sobrenatural, característica essencial do gênero fantástico descrita por Tzvetan Todorov em seu clássico Introdução à literatura fantástica, que se dá de forma sutil, mas eficiente.

Já o livro de Andrew Pyper não é tão bem-sucedido. É apenas uma história não muito original de pessoas x demônios, dessas que já vimos em centenas de filmes de terror, sem nada particularmente marcante na forma ou no conteúdo. Um professor cético é chamado para testemunhar um caso de suposta possessão demoníaca. As coisas dão muito errado e o infeliz tem que sair numa espécie de jornada contra as trevas na tentativa de salvar sua filha.  As referências ao Paraíso perdido de Milton conferem algum charme erudito à obra, mas é só.

De qualquer forma, os dois são leituras fáceis e agradáveis, daquelas que a gente não se arrepende de ter começado nem tem vontade de largar. Para um leitor rápido e que goste de ler no transporte coletivo, duram pouco mais de dois dias cada um. E são livros que um bibliotecário pode tranquilamente recomendar para apreciadores de terror ou fantástico, em busca de leitura leve, mas não idiota. Além disso, devem ficar muito decorativos e atraentes no expositor de livros novos da biblioteca.


Uma resposta para “Livros bonitos”

  1. Eu namoro os livros da Darkside, os paquero descaradamente. Cheguei a comprar aquele Hellhaiser (maravilhoso), a edição de capa dura da Menina Submersa, e, óbvio, o Demonologista – concordo com sua opinião sobre ele – é fraco; leitura fácil, mas não é o que me prometeu sua vistosa encadernação.

    Não julgar um livro pela capa se revelou uma verdade latente depois disso, rsrs. Continuo paquerando as belezinhas da editora, mas a paixão é platônica, restrita às livrarias…

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