Pokémon Go em bibliotecas – uma péssima ideia?

Essa é a parte 2 sobre Pokémon Go em bibliotecas. A parte 1 está aqui.

Pokémon Go já causou várias tretas e episódios policiais bizarros, como isso aqui:

Departamentos de polícia ao redor do mundo e funcionários de diversos locais públicos foram obrigados a publicar avisos, lembrando os usuários #pokemongo a fazer coisas simples como olhar para os dois lados antes de atravessar a rua e não passear em áreas escuras e desconhecidas à noite. Já teve caso de gente tendo seus celulares roubados e até mesmo quem levou tiro por ter entrado sorrateiramente na casa dos outros.

Na maioria das cidades os jogadores de Pokémon Go estão aparecendo nas bibliotecas, mas segundo alguns bibliotecários isso só levou a um aumento no lixo nas cercanias. Como era de se esperar, nem todo mundo está impressionado com o cruzamento improvável entre livros e jogos de smartphones.

Embora a gente ache importante ter pessoas entrando e frequentando a biblioteca, a maioria dos que vão até lá em busca de Pokemon não se envolveram com atividades das bibliotecas em nenhum momento. Essa é uma das principais frustrações dos bibliotecários quando tentam realizar iniciativas que fogem das atividades tradicionais da biblioteca. Afinal, onde está a linha que separa aquilo que é conveniente dentro dos preceitos de uma biblioteca (pública ou escolar, especialmente) e algo que pode ser entendido como uma “forçação de barra” no desejo dos bibliotecários de ter mais gente frequentando as bibliotecas?

No caso do Pokémon Go, ele pode ser uma grande distração para aquelas pessoas que não são jogadoras. Imagine que um usuário, daqueles que tá sempre na biblioteca, está sentado fazendo sua pesquisa ou leitura sossegado, e de repente ele sente uma pessoa, que ninguém nunca viu frequentando a biblioteca, de pé a seu lado, os olhos fixos na tela do celular (psico). Ele pode até ignorá-la, mas daí ouve gritinhos, perturbando sua paz mesmo através dos fones de ouvido. É meio chato mesmo. No final das contas, o que deveria ser bom para a abertura das bibliotecas, pode terminar sendo prejudicial se os espaços são preenchidos com jogadores de Pikachu que estão lá mais para atrapalhar do que curtir.

Um outro problema é que o aplicativo tem o potencial para ser um pesadelo da privacidade. Além do acesso completo à conta do Google, o aplicativo pode rastrear e armazenar dados de localização e GPS do telefone dos usuários, permitindo que os desenvolvedores vejam fisicamente onde cada um dos jogadores esteve. A empresa de desenvolvimento de aplicativo comentou sobre as preocupações dos usuários e afirmou que a solicitação de acesso total à conta foi um descuido. Recentemente, eles lançaram uma atualização para reduzir as permissões dos pedidos do aplicativo.

Algumas bibliotecas podem não ficar muito satisfeitas em ter um bando de jogadores de Pokémon no caminho da sua clientela habitual, mas o lance é, pelo menos, alguns desses jogadores entrariam na biblioteca de qualquer maneira. Vamos acreditar que a maioria dos jogadores de Pokémon Go são relativamente tranquilos e educados, e querem fazer nada mais do que sentar ou ficar em um lugar seguro por um tempo e olhar atentamente para os seus telefones. Fazê-los sentir-se em casa pode levá-los a retribuir de algum modo e fazer o seu melhor para ficar fora do caminho dos outros usuários. Além disso, eles não vão jogar Pokémon o todo o tempo, especialmente depois que a moda passar, mas eles poderão se lembrar que as bibliotecas foram legais e fez senti-los bem-vindos naquele momento.

Ou seja, muitas bibliotecas e outras instituições estão tentando lucrar com a mania. Será que a sua biblioteca deve fazer o mesmo? Há um equilíbrio a ser alcançado, mas se conseguirmos atrair mais visitantes sem quebrar muito a nossa rotina, pode ser uma boa iniciativa. As bibliotecas devem decidir se têm os espaços e recursos adequados para gerenciar o tráfego de pessoas que pode vir com a permissão ao jogo.

A gente pode até ficar meio puto com a zueira, o barulho, o lixo, mas também não devemos nos importar com os viciados congregando por pouco tempo dentro ou fora da biblioteca. Certamente é um grupo que não tem má intenção, eles estão apenas perseguindo Pokémons, ora bolas.

A Niantic deu a entender que o aplicativo continuará a ser desenvolvido para oferecer possibilidade de negociação entre os jogadores e mais modalidades de competições, o que pode ser benéfico para as bibliotecas.

Cafés e livrarias se enchem de jogadores do Pokémon Go, e isso pode atrapalhar a dinâmica das lojas junto aos seus clientes consumidores. Mas, para lugares como as bibliotecas, que tem mais dificuldade em atrair os clientes normalmente, Pokemon Go pode ser uma janela de oportunidade.


2 respostas para “Pokémon Go em bibliotecas – uma péssima ideia?”

  1. Oi. Acho que a questão seja de intenção: o que a biblioteca quer com isso? Pode parecer uma pergunta simplória, mas é o mínimo que os gestores precisam responder pra desenvolver um serviço (ou atividade). Depois vêm outras questões de nicho, de programação, de suporte… Pokémon Go vai ser uma ótima/péssima ideia dependendo do planejamento da biblioteca sobre ele.

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