Repensando a Iniciativa de Budapeste pelo Acesso Aberto

A Iniciativa de Budapeste pelo Acesso Aberto (Budapest Open Access Initiative, ou BOAI) completará 15 anos em 14 de fevereiro. Trata-se de um dos marcos iniciais do movimento pelo acesso aberto à informação científica, e seu conceito de “open access” virou padrão mundial:

“Por ‘acesso aberto’ a esta literatura, nos referimos à sua disponibilidade gratuita na internet, permitindo a qualquer usuário a ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, buscar ou usar desta literatura com qualquer propósito legal, sem nenhuma barreira financeira, legal ou técnica que não o simples acesso à internet. A única limitação quanto à reprodução e distribuição, e o único papel do copyright neste domínio sendo o controle por parte dos autores sobre a integridade de seu trabalho e o direito de ser propriamente reconhecido e citado.”

Aniversários são sempre uma oportunidade de avaliar o passado e planejar o futuro. Pensando nisso, a Iniciativa está promovendo uma consulta pública, aberta a todos os interessados no endereço http://budapestopenaccessinitiative.org/boai15-1, até o dia 20 de janeiro 2017.

Com o questionário BOAI15, a Iniciativa de Budapeste chama a comunidade para o diálogo em torno dos valores e das prioridades do movimento pelo acesso aberto. A perspectiva brasileira e latinoamericana é bastante relevante para essa discussão. Fazemos acesso aberto muito antes da BOAI: a rede SciELO nasceu em 1997, está completando 20 anos. Nosso modelo, baseado no financiamento público das revistas, mostra que é possível ir além da dicotomia assinaturas (leitor paga) vs. APCs (autor paga). Mas as editoras tradicionais ainda conseguem manter seu prestígio, e nós continuamos precisando gastar cada vez mais com assinaturas para não perder acesso a periódicos relevantes.

Nossos vizinhos peruanos começaram o ano sem acesso às bases SienceDirect e Scopus, da Elsevier, por falta de recursos para renovar assinaturas. Segundo o jornalista Maurício Tuffani, o Brasil deve gastar em 2017 R$ 402,9 milhões com o Portal de Periódicos da CAPES, um aumento de 16,9% em relação a 2016. Com a perspectiva de cortes de gastos e congelamento de despesas nas próximas décadas, impossível não se perguntar até quando esta situação vai se manter. Sci-hub, #icanhazpdf e outras alternativas para obter acesso a artigos ajudam a contornar a situação, mas não a solucionam.

Se você se preocupa com essas questões, responda ao questionário BOAI15 até 20 de janeiro de 2017, e ajude a divulgá-lo entre seus contatos – a tag para Twitter, Facebook e cia é #BOAI15.


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Comentários

Uma resposta para “Repensando a Iniciativa de Budapeste pelo Acesso Aberto”

  1. Avatar de beto

    show de bola esse pensamento

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