É possível criar eventos mais relevantes

Toda vez que vejo a programação de um evento da área algo me incomoda um pouco. Muitos dos palestrantes são repetidos e penso que o evento vale mais como oportunidade de encontrar amigos do que como atualização ou para ver novas idéias — ou novas pessoas
Mas um evento como o CBBD desse ano me mostrou que existem muitos profissionais realizando trabalhos muito bacanas que, se compartilhados e acessíveis a mais gente, poderiam trazer novas discussões.
E me fez perceber que nunca vi apresentações com os bibliotecários com quem mais aprendi. Daí tiro algumas questões, para as quais não tenho boas respostas: Como descobrir esses profissionais e suas realizações? Como incentivar esses profissionais a compartilhar suas experiências? O formato dos eventos, que estão muito acadêmicos, inibe esse tipo de participação?

Isso também te incomoda? vc já encontrou profissionais com ações que valiam a pena serem compartilhadas?


19 respostas para “É possível criar eventos mais relevantes”

  1. Vejo isso desde a época de estudantes. O maior problema dos encontros profissionais (CBBD e SNBU) é que se prendem no mais fácil e ficam mesmo com os doutores que nós vemos sempre. Falta coragem pra trazer as pessoas que realmente estão fazendo diferença na nossa área, sejam bibliotecários ou não. Falta também um trabalho mais amplo para encontrar esses projetos. Acaba ficando nisso, vemos as mesmas figuras desde os encontros estudantis. Também me preocupo com isso, mas sinceramente não sei como posso ajudar.

  2. Esse ano no CBBD dei prioridade aos trabalhos… Nos outros, fiquei assistindo palestras, mesas-redondas, etc. e não saí com tanto gás quanto nesse. Sem contar que em vários momentos priorizei as conversas de corredor e ganhei muitíssimo com isso. 🙂

  3. 1 – os CBBDs e SNBUs aprovam uma quantidade enorme de trabalhos, com o pretexto de que os bbtecários precisam de trabalhos aprovados para garantir financiamento de suas instituições e assim sustentar o evento, em detrimento da qualidade de exposições

    2 – eventos de bibliotecário para bibliotecário, palestrantes não-bibliotecários

    3 – universidades concentram maior número de bibliotecários, deveriam ser as promotoras das oficinas internas, do intercâmbio inter-universidades

    4 – a gente tem que criar nosso próprio evento. A gente tem que criar algo como o thisweekinlibraries.com, a gente ir nos lugares e encontrar as pessoas e aprender com elas e compartilhar. A gente tem que ir achar essas pessoas que merecem ser compartilhadas

    • Olá Moreno, não poderia concordar mais com vc. Embora ache que não é necessário que apenas bibliotecários falem para bibliotecários nesses eventos, mas vc tem toda a razão de que é estranho que a maioria seja não bibliotecário.

      Nessa linha é preciso mesmo pensar a biblioteconomia numa perspectiva dupla. Temos um bocado de coisas pra fazer nessa área e questões que são políticas ligadas a institucionalização da pesquisa acadêmica, uma certa liberdade de trânsito com a CI e por outro lado um entrincheiramento na esfera pragmática pelo CFB.

      Essa conversa tem que acontecer em algum momento ou vamos ambos contar a história única do outro (na linha da Chimamanda Archie http://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html)

      Enfim, acho que temos muito o que conversar e podemos repensar caminhos e inventar novos que sejam mais promissores.

      Abraços! Laffa

  4. A área biblioteconômica em geral fica entre tomar: 1) iniciativas que não firam muito a relação com a academia (rigor científico; manutenção de características acadêmicas) e o mundo do trabalho (empregabilidade); e 2) – inovar com atitudes novas (que geralmente transgridem o que o academicismo propugna. Aí fica uma sensação de mesmice e paralisia.
    Talvez a solução seja: manter os eventos hoje em dia; encontrar e realizar outras formas de compartilhamento que fuja dos moldes atuais de evento. Um molde que poderia dar certo: encontros informais, com papers informais, nada muito estruturado, em bares ou locais mais informais, com apresentação artística, sarau etc. O colégio invisível vai mais ou menos por isso, é efetivo sofre com a marginalização do meio acadêmico como mais um fonte oficial de compartilhamento de conteúdo, conhecimento etc. É uma ideia.

    Robinson Mascarenhas Almeida, Biblioteconomia, 5o. ano, ECA/USP.

  5. pois é, Murakami. faço as mesmas perguntas que vc… mas tb em relação aos estudantes de biblio. o biblio.lab, que faz parte da semana de biblio da eca-usp desde o ano passado, foi uma forma que encontramos de abrir espaço para os estudantes mostrarem seus projetos e ideias. mas é difícil encontrar quem queira ‘se mostrar’… e como o Gustavo disse acima, tem todo um trabalho mais amplo para achar esse pessoal que tá produzindo coisas bacanas.

  6. Talvez o formato tradicional, de pedir que as pessoas escrevam um texto naquele formatão ABNT, assuste um pouco as pessoas que têm experiências bacanas, mas que não estão (nem querem estar) na Academia.
    Além disso, desde o colégio a gente tende a encarar as apresentações como um dever chato e intimidante. Falamos o que nos mandam, que nem sempre (quase nunca?) é o que nos atrai. Combinamos com os colegas para que não façam perguntas, ficamos aliviados quando tudo termina…
    Gosto da ideia de eventos mais informais, e, principalmente, de menor escala. Eventos nacionais são importantes, claro, mas eventos menores, sobre temas específicos ou não, talvez sejam mais eficientes para facilitar o encontro.
    mas acho que o maior trabalho é convencer as pessoas de que elas também podem contribuir, que apresentar não é um bicho de sete cabeças… Falar sobre o que se faz bem não deveria assustar ninguém.

  7. Eu li um post sobre a possibilidade de criar eventos mais relevantes e eu queria compartilhar com você como será o nosso evento em comemoração aos 50 anos das bibliotecas da UERJ. O evento é uma celebração pela data, bem diferente de eventos com o cunho acadêmico, mas não deixa de ser um evento. É uma oportunidade de reunir todas as pessoas da biblioteca, sejam elas auxiliares ou bibliotecários.
    Nossa ideia inicial foi mostrar que os acervos das bibliotecas servem não só para a vida acadêmica, mas também para a vida cotidiana. Queríamos comemorar o aniversário da Rede com uma festa verdadeiramente, queríamos fugir de estatísticas frias e daquele famigerado “perfil do bibliotecário”, etc… Pensamos no carnaval. É claro que os carnavalescos pesquisam em bibliotecas para colocar o carnaval na avenida. Partindo dessa premissa, entramos em contato com o Centro de Referência de Carnaval (CRC/UERJ) e tivemos a certeza que nossa ideia não era tão louca! O professor responsável pelo centro nos apresentou um carnavalesco que se dipôs a contar a nossa história através de um enredo como aqueles feitos para as escolas de samba.
    Olha, a ideia deu tantos frutos! Fizemos um livro com os desenhos das fantasias, foi feito um samba-enredo e vamos apresentar um protótipo da fantasia da baiana criada para esta ocasião.

  8. Pois é…concordo com a Iara Vidal com a ideia de eventos mais informais. A rodinha desses eventos é um poderosa “fonte de informação”. É claro que os eventos a nível nacional, como é o caso do CBBD e o SNBU é foram citados aqui são importantes, mas considero trocas de experiências e criatividades fundamentais. E concordo com o Moreno quando ele disse que os eventos tem que ter palestrantes não-bibliotecários.

  9. começando pelo óbivio, relevante segundo o Houaiss é: 1-que tem relevo, que tem importância; 2 que se salienta, que sobressai; 3 de grande valor ou interesse; 4 o essencial, o indispensável. Negar ou desmerecer a importânci de eventos consolidados é pura demonstração de insatisfação infantil ou outra coisa que o valha. As estruturas estão postas e aqueles que tem a oportunidade de mudar o status quo simplesmente se acomodam e achincalham. Criar eventos informais é realmente necessário para uma área aonde os evetos oficiais e de grande porte são simplesmente ignorados? Desarticular e descentralizar ambiente já consolidados de discussão e troca de informações é relevante? Eu acredito que sim, se pode fazer eventos mais relevantes, mas não simplesmente criando outros, como que criando o seu clubinho quando vc não gosta do clubinho do outro amigo. O academicismo em grande parte é culpa do marasmo e da apatia dos eventos que aí estão mas, quem faz a academia não são os alunos? A resignação que impomos a nós mesmo é a primeira barreira. Mas simplesmente virar as costas e bolar artifícios revolucionários não vai resolver muita coisa. Se queremos mudar alguma coisa, devemos começar do começo: militar na academia. É essa palavra mesmo: militância. Brigar para que o ambiente de informação seja mais plural e menos catedrático para que possamos criar mentes mais críticas e ativistas.

  10. “1 – os CBBDs e SNBUs aprovam uma quantidade enorme de trabalhos, com o pretexto de que os bbtecários precisam de trabalhos aprovados para garantir financiamento de suas instituições e assim sustentar o evento, em detrimento da qualidade de exposições.”
    Concordo. Mas dada a atual conjuntura e o sistema no qual estamos inseridos, ou vc justifica a que veio ou simplesmente ficará a margem, sendo olhado de esguelha pela sociedade, como já ocorre.

    “2 – eventos de bibliotecário para bibliotecário, palestrantes não-bibliotecários”
    Seria interessante se o resto do mundo soubesse no mínimo o que fazemos. Existem poucas iniciativas, mas muitos dos próprios profissionais não entendem o que é uma biblioteca, em seu sentido mais amplo. Quem dirá alguém de fora da área.

    “3 – universidades concentram maior número de bibliotecários, deveriam ser as promotoras das oficinas internas, do intercâmbio inter-universidades”
    A biblioteca universitária no sistema de ensino que está inserida tem uma função: dar apoio à instutuição. Comece por rever o sistema de ensino que podemos chegar um dia a rever a função da bibioteca universitária na sociedade extra-muros.

    “4 – a gente tem que criar nosso próprio evento. A gente tem que criar algo como o thisweekinlibraries.com, a gente ir nos lugares e encontrar as pessoas e aprender com elas e compartilhar. A gente tem que ir achar essas pessoas que merecem ser compartilhadas”
    Temos um evento de estudantes que não tem visibilidade nem respeito nenhum, bibliotecários atuantes em comunidades que não tem nenhum apoio ou são chamados a eventos por não terem titulação necessária, e entusiastas tecnoburgueses que simplesmente não enxergam o outro lado da vida dos não incluídos digitalmente. E não estou falando em simplesmente ter acesso.

    A biblioteconomia no Brasil a muito perdeu o que eu considero seu principal arcabouço: é uma ciência SOCIAL e APLICADA. E estamos aplicando nosso conhecimento à que? A realmente modificar o que existem ou simplesmente contribuir para a sedimentação das ferramentas massificantes de dominação?

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