O imortal José Mindlin morreu hoje. Tenho certeza que ele teve uma vida feliz, não entre os livros, mas entre grandes autores.
—
Pensando nele lembrei de uma coisa que tinha lido uns meses atrás, vou traduzir aqui:
Jean Nepomucene Auguste Pichauld, Comte de Fortsas, era um homem com uma paixão singular. Ele coletava livros que possuiam uma única cópia conhecida. Sempre que ele descobria que um dos volumes da sua biblioteca tinha uma duplicata em qualquer lugar do mundo, ele imediatamente se desfazia dele. Então quando ele morreu em setembro de 1839 ele possuia apenas 52 livros, mas cada um deles era incontestavelmente único.
Seu herdeiro, que não compartilhava a paixão do pai pela coleta de livros, organizou um leilão para vender a biblioteca e assim um catálogo desta pequena coleção, mas altamente incomum, foi enviado para bibliófilos de toda a Europa. O leilão, os coletores foram informados, seria realizado nos escritórios da Maitre Mourlon, notário, 9 rue de l’Église, em Binche, Bélgica, no dia 10 de agosto de 1840.
Infelizmente para os colecionadores, nem Comte de Fortsas nem a coleção existiam.
O homem por trás da fraude foi um antiquário local chamado Renier Hubert Ghislain Chalon (1802-1889). O planejamento foi incrível. Ele tinha cuidadosamente pesquisado os interesses de todos os bibliófilos importantes na Europa, a fim de assegurar que eles iriam fazer a longa e infrutífera caminhada até Binche. E ele tinha feito tudo isso apenas como uma brincadeira.
A fraude não provou ser uma perda total para suas vítimas. O próprio catálogo que tinham recebido se tornou um item de colecionador muito cobiçado. Dentro de algumas décadas ele tinha mais do que quadruplicado de preço.
O bibliotecário e bibliófilo Jeremy Dibbell postou o conteúdo do referido catálogo no LibraryThing. Você também pode ver scans dele no Google Books.
via
Deixe uma resposta para MindlinCancelar resposta