Eu acredito que só critica quem tem boa auto-estima. E prezo muito quem sabe exercitar a crítica direcionada ao mesmo tempo em que aceita ser criticado. Quem não aprendeu isso bulinando ou sendo bulinado no jardim da infância, vai aprender tarde. E daí, pode ser tarde demais para lidar com a cultura da crítica.
O xilique mais recente no mundo bibliotecário gira em torno do artigo “Dê adeus às bibliotecas“, que eu pessoalmente acho que contêm nada além de verdade quanto ao seu relato. No caso particular deste texto, me parece que a controvérsia gira em torno da confusão bibliotecária entre o público e privado (típico do brasileiro cordial, para bem ou para mal) e de interpretação do texto.
Um dos problemas essenciais da crítica é que ela exige uma carga de comparação. Só é capaz de criticar algo com consistência quem tem a habilidade de avaliar o melhor e o pior em uma escala de criticismo.
Sempre me pareceu que aos bibliotecários falta um pouco do senso de comparação (ou em termos técnicos, de benchmarketing) para entender que muitas vezes o teor da crítica diz muito mais a respeito do que se deseja e o que poderia ser, do que uma crítica aberta descompromissada.
Eu que eu sou notoriamente reconhecido por críticas ácidas direcionadas às bibliotecas (e consequentemente aos profissionais que nelas se encontram) procuro sempre me posicionar de forma participativa na resolução da própria crítica, quando negativa, e evidenciar as boas práticas, quando a crítica é construtiva. O mundo não funciona assim?
Mas as critícias sempre aparecem (a propósito, recentemente fui criticado em uma mensagem privada pelo pesquisador do IBICT Miguel Angel Arellano por eu ter criticado o SEER, comparando-o a um outro modelo de editoração acadêmica, com dizeres do tipo “que tipo de cientista você é? que comentário mais besta”) e temos que saber lidar com elas. E mais ainda, quando nós formos os alvos da crítica, saber ouvir e nos preocupar em atender.
Por que não há crítica realmente fundamentada que seja inconsistente. Eu nunca vi.
Para todos os outros casos, leiam esse texto, Zen e Arte da crítica construtiva, que eu fiz questão de traduzir como a minha contribuição à todo o bate-cabelo do artigo da Época.
Quem busca o melhor não vai se dar por satisfeito. E tô com a Dora e não abro.
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