Sou uma leitora constante e esfomeada, ou seja, tenho necessidade de estar sempre lendo um livro ou, como nem sempre consigo controlar a impaciência para começar o próximo da fila, às vezes leio dois ao mesmo tempo. E quando digo “livro” pode ser uma coisa impressa em papel ou uma coisa digital, tanto faz, desde que seja ficção ou qualquer texto sobre assuntos que me interessam: arte, cinema, fotografia, história, política, literatura, mitologia grega. Também leio textos de interesse profissional, mas esses entram no departamento das obrigações. Ler por obrigação é outro tipo de leitura, não vale.
Mas também sou uma leitora completamente indisciplinada, caótica e sem-vergonha, do tipo que pula páginas, lê o final antecipadamente e desiste da leitura sem piedade se o livro não está agradando.
Um dia desses escrevi no Facebook sobre como larguei o 1Q84, do Haruki Murakami, no meio do segundo volume, porque o besta do livro abusou da minha paciência, e a amiga Ana Carolina Biscalchin sugeriu que eu fizesse um tutorial de como desistir de livros mainstream sem culpa! Como a culpa é algo que não me atinge facilmente quando se trata de coisas que me aborrecem, levei a sério a brincadeira. Por que não?
O tutorial poderia ser resumido a algo extremamente simples, assim:
Se um livro te aborrecer ou irritar, feche-o e abra de novo no dia seguinte. Pode ser que você apenas esteja num dia ruim. Se continuar te aborrecendo ou irritando, feche-o para sempre, jogue fora ou passe pra frente.
Mas resolvi caprichar para não dar margem a dúvidas, então leiam aí:
Muito fácil, não? Se alguém ainda estiver vacilando, faça aí um comentário e eu ajudo a destruir seus escrúpulos.
Eu também, na verdade, tenho os meus. Por hábito e gosto, prefiro não largar um livro só porque a leitura está difícil. Nesses casos eu insisto bastante, e costuma valer a pena, mesmo que demore para terminar e que seja necessário intercalar com outras leituras mais leves. Alguns dos livros que eu mais amo são um tanto difíceis de assimilar e precisam ser lidos várias vezes, em momentos distintos da vida. Ler Guimarães Rosa e Machado de Assis na adolescência é uma coisa, ler depois dos 30 ou 40 é outra. Do Ulisses eu só li uns trechos, porque além de difícil o desgraçado é muito chato, mas ainda mora na minha estante, querendo uma segunda chance. Vou pensar no caso.
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